quinta-feira, 27 de junho de 2013

A Universidade em ritmo de ignorância, futebol, terrorismo e ditadura.

Por Sergio Ulhoa Dani, de Tübingen, Alemanha.


Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil – O Reitor da UFMG-Universidade Federal de Minas Gerais, Clélio Campolina teme que a Universidade seja invadida e depredada durante os jogos de futebol da Copa das Confederações da FIFA, realizados no Estádio Mineirão.

O Minerão é vizinho ao Campus da UFMG, considerada uma das melhores Universidades Brasileiras.  O estádio é alvo das manifestações e protestos populares porque foi um dos “12 estádios do Lula” construídos ou reformados com verba pública para atender aos caprichos desse presidente ignorante, corrupto e populista, e à cartolagem da FIFA.

O Reitor Campolina “decretou” feriado na UFMG nos dias dos jogos de futebol no Minerão e quis a presença do Exército Brasileiro. Mas, os alunos e professores da Universidade repeliram a presença do Exército.

Contrariando a postura dos alunos e professores, o Reitor tem se reunido com as cúpulas da Polícia Militar de Minas Gerais, Exército Brasileiro e Governo do Estado de Minas Gerais.

Os “cartolas” teriam discutido estratégias e ações contra possíveis “atos terroristas” ou depredação da UFMG durante os jogos no Mineirão.

É preciso deixar claro o que é terrorismo e quem é terrorista. Nos melhores dicionários da língua portuguesa está escrito: “Terrorismo é governar sem respeitar as regalias e os interesses do povo”.

Será possível que as dezenas de milhares de manifestantes sejam “terroristas” ou tenham o interesse de depredar a UFMG?

Que uma meia dúzia de vândalos infiltrados entre as dezenas de milhares de manifestantes não possam ser contidos pelos próprios manifestantes e a própria comunidade dos milhares de alunos e professores da UFMG?

Então, por que o Reitor esvaziou a UFMG, “decretando” feriado nos dias dos jogos de futebol?

Entre o risco de depredação, a vergonha da troca das cabeças e mãos universitárias pelos pés futebolísticos, e o crime do uso do aparelho de defesa do Estado como instrumento de repressão contra o próprio povo, sem dúvida devemos ficar com o primeiro.

O risco da depredação não é risco, é oportunidade, como ensina Omar Motteiro, Reitor da Universidade do Azinabrão e renomado especialista em “terrorismo não letal”, em carta dirigida ao colega, Reitor Clélio Campolina:

- "Magnânimo" Reitor, Vossa Magnanimissência perdeu a oportunidade de tornar-se Magnífico abrindo o campus para abrigar os manifestantes e depois, tendo como cenário os escombros da fúria gerada pela indignação, declarar solenemente: "Esta universidade acaba de criar, na grade de todos os cursos, a disciplina INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA DIGNIDADE E DA CIDADANIA”.

terça-feira, 25 de junho de 2013

Encurralados pelos protestos em massa, ditadores tentam se safar pedindo plebiscito e constituinte.



Por Sergio Ulhoa Dani, de Tübingen, Alemanha

Encurralados pelos protestos em massa do povo brasileiro, a ditadora e terrorista Dilma Rousseff e seu partido PT (será o 'Partido dos Terroristas'?) querem plebiscito e constituinte. 

Trata-se de um truque antigo usado por ditadores e terroristas para permanecerem no poder. Sob as condições antidemocráticas das ditaduras terroristas, torna-se fácil manipular os resultados de um plebiscito e dar um golpe de Estado com uma constituinte fajuta.

Dilma e os demais ditadores, terroristas e corruptos no poder não têm condições morais para pedir plebiscito algum. Para eles é tarde demais. Tudo o que fizerem agora para se defenderem vai aumentar a indignação popular. 

Como diziam os críticos da antiga Roma, onde o povo ignorante era tratado com pão e circo: Tarde venientibus ossa ("aos que chegam tarde, os ossos").

Mas o povo brasileiro está menos ignorante, por necessidade, e mais furioso, por direito e com toda a razão. Os protestos estão bem encaminhados e seguirão o seu curso natural.

Agora é a hora e a vez do povo. Aos ditadores, terroristas, corruptos, parasitas, aproveitadores e exploradores que hoje estão no poder resta-lhes esperar por clemência.

Nota do editor: "Terrorismo é governar sem respeitar os interesses e as regalias do povo".

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Protestos em massa no Brasil: As crianças tuteladas dizem basta

Por Jens Glüsing, do Rio de Janeiro para Der Spiegel.
(Tradução por Sergio U. Dani, de Tübingen)



As fotos mostram três momentos do protesto: Dilma Rousseff é vaiada por dezenas de milhares de pessoas reunidas no estádio Mané Garricha, em Brasília, durante a abertura da Copa das Confederações, da FIFA; manifestante enfrenta a polícia militar em Brasília; manifestante carrega a bandeira Brasileira no Rio de Janeiro. Fonte: Der Spiegel (fotos: Getty Images, Reuters, AFP).





Foi, apesar de alguns manifestantes violentos, uma celebração da democracia. A estudante de Medicina Tatiana Mendes, 24, e seu namorado Jurival Alves, 25, foram pela primeira vez em uma manifestação, como a maioria das cerca de cem mil pessoas, na sua maioria jovens que se reuniram em frente à histórica Igreja da Candelária, no centro do Rio de Janeiro. "Nós não somos contra a Copa do Mundo", disse ela. "Mas deve haver um fim à corrupção, desperdício de dinheiro, o corporativismo no Congresso. O governo nos dá pão e circo, mas queremos melhores escolas e melhores hospitais."

Eles usavam camisetas brancas listradas, muitos agitavam a bandeira brasileira, alguns traziam rosas brancas ou margaridas na mão, alguns dos rostos foram pintados com um "V" – de Vitória, mas especialmente de Vinagre. Desde a batalha campal com a polícia nas ruas do Rio e São Paulo, o vinagre está valendo como uma receita caseira de efeito comprovado contra o gás lacrimogênio, muitos traziam algumas garrafas na mochila. Eles temiam que a polícia iria agir de forma tão violenta quanto em frente ao Estádio do Maracanã, na semana passada, quando espectadores com seus filhos escaparam em pânico das balas de borracha e vapores de gás lacrimogêneo disparados pela polícia.

Mas, desta vez, a polícia se conteve – até demais, como disseram muitos dos manifestantes: algumas centenas de manifestantes invadiram o histórico "Palácio Tiradentes", a sede do Legislativo Estadual do Rio, devastaram a entrada, atiraram coquetéis Molotov e incendiaram um carro. Cerca de 20 policiais que se puseram em barricada no edifício ficaram feridos, várias agências bancárias da vizinhança foram quebradas. Diante do Antigo Palácio do Paço Imperial, alguns polciais sitiados dispararam munição pesada. Na maioria dos casos, eles dispararam para o ar, mas um manifestante foi ferido por uma bala perdida.

A polícia brasileira não está preparada para o ataque de manifestantes. Ela está sujeita aos governadores dos Estados e é organizada no estilo militar – nos quartéis ainda domina a mentalidade da ditadura. Especialmente as polícias de São Paulo, Minas Gerais e Rio são notórias por sua violência. Após os protestos da semana passada, o governador do Rio, Sérgio Cabral aparentemente ordenou um comportamento defensivo. A força de intervenção especial libertou seus colegas sitiados só depois de quatro horas do cerco dos manifestantes.

A última vez que tantas pessoas saíram para as ruas foi há 20 anos

Quando a manifestação havia realmente terminado e a maioria já voltava para casa, a violência explodiu. Agora eram os políticos que lançavam seus olhares perplexos sobre os escombros. Uma e outra vez tinha havido manifestações de insatisfação por causa do alto custo da Copa do Mundo, mas com tamanha revolta popular ninguém contava.

A última vez que tantas pessoas saíram para as ruas foi há 20 anos, naquela época os jovens manifestantes ajudaram a conduzir o corrupto presidente Fernando Collor de Mello para fora do cargo. "Nossos pais lutaram contra a ditadura", disse o estudante de psicologia Ramah Delduck, 22. "Mas, então, eles perceberam que os corruptos abusam da democracia. Nós somos a sétima maior economia do mundo, mas as nossas instituições públicas são deploráveis. O Estado nos obriga a pagar impostos, mas ele não devolve serviços à altura."

É uma revolta dos filhos da classe média que balançou o Brasil nas suas fundações. No Rio, mais de 90 por cento dos manifestantes eram estudantes e alunos, muitos vindos de escolas e universidades particulares. "Nossos pais não podem mais pagar as mensalidades escolares, queremos finalmente ter um sistema de educação pública decente", diz a estudante de biologia Vivian Lara. Muitos se manifestavam também contra o voto obrigatório: "Isso incentiva a compra de votos e a corrupção."

Os manifestantes não estão ligados a qualquer ideologia

O protesto do jovem brasileiro não é dirigido diretamente contra a presidente Dilma Rousseff, ele expressa um mal-estar geral sobre a classe política. "Eu escolhi a Dilma, mas estou decepcionado", disse a estudante Lara. "Uma vez no poder, todos os políticos se comportam da mesma maneira." A maioria dos manifestantes não ataca diretamente Lula, o antecessor de Dilma, mas alguns criticam seus programas sociais: "Isso ajuda, mas apenas temporariamente. Os pobres precisam de uma educação melhor."

Alguns manifestantes falam contra as cotas para negros e índios nas Universidades de: "Este é um tipo diferente de racismo", diz o estudante de Medicina Jurival Alves. Antigamente, era comum de se ver camisetas de Che Guevara e bandeiras vermelhas em manifestações no Brasil. Mas isso acabou: a cor dos manifestantes agora é o branco, eles não estão ligados a qualquer tipo de ideologia.

Seus objetivos são difusos. É possível que seu levante se esvaia em poucas semanas - como os "caras pintadas" que outrora protestaram contra Collor. As pesquisas de opinião mostram que a presidente Dilma Rousseff ainda está na frente das pesquisas sobre a eleição presidencial do próximo ano, apesar da queda maciça na sua popularidade. Nenhum dos partidos tradicionais se beneficiam do movimento. "Os políticos são todos iguais", ouve-se repetidamente.


Entretanto, uma coisa é diferente de 20 anos atrás. Os jovens têm uma arma poderosa que não existia na época: os telefones celulares com acesso à Internet. "Dilma, nós viemos do Facebook", escreveu uma manifestante em sua camisa. Todas as manifestações foram organizadas por meio de redes sociais, alguns manifestantes pareciam conectados com manifestantes na Turquia. "O gigante despertou", dizia um cartaz. "Enquanto você está sentado na frente da TV, nós mudamos o país".