Uma sociedade é uma organização de indivíduos formada para um determinado propósito ou atividade. A idéia é tão antiga quanto a própria vida. Em princípio, todos os organismos vivos participam de uma grande rede socioambiental formada naturalmente para os propósitos da conservação da vida na Terra, embora muitas das relações entre os organismos, como predação, parasitismo e comensalismo possam parecer »anti-sociais« aos nossos olhos humanos.
No esquema da evolução dos organismos pela seleção natural, alguns grupos alcançaram o status de organismos »eusociais«, entendendo-se o »eu« aqui como a palavra grega para »verdadeiro«, »complexo« ou »refinado«, e não na acepção egoísta do termo em português. Os organismos eusociais praticam a divisão das funções sociais – por exemplo: alimentação, cuidados de higiene, construção de abrigos, e a defesa contra inimigos – visando o bem comum e a manutenção da vida. As formigas e as abelhas são os exemplos mais citados de organismos eusociais. Esses insetos praticam regras sociais rígidas que são, em boa parte, herdadas, como a determinação de sexo e castas baseada na genética, e em menor parte, adquiridas, como a formação e especialização dos indivíduos baseadas na nutrição e no aprendizado.
Os seres humanos somos um caso especial de
eusocialidade. No nosso caso, a parte aprendida das regras do convivio social é
proporcionalmente muito maior que a parte herdada. A razão disso é o alto grau
de encefalização atingido na espécie humana. A encefalização, em si, já é uma
»desproporção«. Diz-se que quanto maior o peso do cérebro em relação ao peso do
corpo, maior é a encefalização. A encefalização no ser humano criou circuitos
neurais e capacidades »em excesso« que podem ser usados tanto para o benefício,
quanto para o malefício da sociedade. O conjunto de regras e valores morais,
econômicos e politicos de convívio social é estabelecido numa tentativa de
direcionar as »capacidades em excesso« para o benefício social ou o bem comum.
Aos principais conjuntos de regras e valores das sociedades ocidentais contemporâneas pertencem a liberdade, a democracia e o cristianismo. A liberdade organiza a produção de maneira eficiente; a democracia busca a participação de todos na vida social e o cristianismo prega o amor ao próximo. O objetivo é construir e manter uma sociedade livre, justa e solidária. O alcance desses objetivos depende, obviamente, das qualidades e capacidades científicas, morais e políticas dos indivíduos e dos povos, da sua capacidade de ver, julgar e agir. A ciência é a arte do solúvel, a justiça é a arte da caridade, a política é a arte do possível.
Aos principais conjuntos de regras e valores das sociedades ocidentais contemporâneas pertencem a liberdade, a democracia e o cristianismo. A liberdade organiza a produção de maneira eficiente; a democracia busca a participação de todos na vida social e o cristianismo prega o amor ao próximo. O objetivo é construir e manter uma sociedade livre, justa e solidária. O alcance desses objetivos depende, obviamente, das qualidades e capacidades científicas, morais e políticas dos indivíduos e dos povos, da sua capacidade de ver, julgar e agir. A ciência é a arte do solúvel, a justiça é a arte da caridade, a política é a arte do possível.
O alcance desses objetivos depende também da própria
forma de organização da sociedade. A transiçao das chamadas »sociedades
tribais« essencialmente rurais, em harmonia com a natureza, descentralizadas,
desestratificadas e democráticas para as chamadas »sociedades civilizadas«,
essencialmente urbanizadas, dominantes da natureza, centralizadas,
estratificadas e com monopólio do poder por grupos minoritários ocorreu
simultânea e independentemente, em diversas partes do mundo, durante o processo
de criação dos Estados nacionais. Um Estado é definido como a organização de um
ou mais povos circunscritos em um determinado território, sob o domínio de
algum governo.
A civilização, ao concentrar poder e recursos,
aumentou a distância entre os povos e as suas bases de sustentação nos
ecossistemas naturais e acelerou o processo de degradação socio-ambiental. Esse
processo tornou-se mais evidente a partir do século 18, tendo levado a crises
socio-economico-ambientais sucessivas e cada vez mais permanentes. A
civilização revelou-se inimiga das sociedades e da vida.
Os inimigos menores da sociedade livre, justa e
solidária são os ignorantes, os incompetentes e os incapazes. Esses podem ser
educados, capacitados, treinados e reintegrados nas funções sociais mais
adequadas a cada caso. Os inimigos maiores da sociedade livre, justa e solidária
são os mentirosos, os negligentes, os enganadores, os traidores, os
irresponsáves, os tiranos, os ladrões e os corruptos. Esses devem ser afastados
dos cargos de gestão pública ou privada, e especialmente dos cargos dos
governos. Entretanto, a maior de todos os inimigos da sociedade livre, justa e
solidária é a civilização. Essa deve ser combatida pela harmonização com as
estruturas e os processos naturais, a autonomização dos povos e territórios, a
descentralização do poder.