sábado, 27 de novembro de 2010

Quanto custa perder a Biodiversidade?

Quanto custa perder a Biodiversidade


por Serrano Neves (*)


Biodiversidade, para simplificar a conversa, é a natureza sem os seres humanos.


Sem os seres humanos a natureza seria o exemplo perfeito de sustentabilidade pois ela se renova e essa renovação acontece mesmo quando parece que toda a vida natural se extinguiu, como já aconteceu com o Planeta Terra, se não me engano, por duas vezes.

Os ciclos da natureza são muito variáveis, por exemplo: o ciclo das chuvas é de um ano, a renovação de uma floresta uns 200 anos, e o renascimento da vida quando de uma extinção em massa uns dois milhões de anos.


A coisas vivas da natureza consomem recursos da própria natureza para viverem e reviverem, e os resíduos que produzem são reincorporados nela mesma, ou seja, a natureza recicla e reusa.


A natureza quando consome recursos e gera resíduos faz isto sem alterar as substâncias naturais, e é isto que permite, por exemplo, que os resíduos orgânicos sejam transformados em fertilizante pelos seres humanos.


O problema é que quando os seres humanos consomem recursos da natureza ele os transforma, como no caso do petróleo transformado em plástico, e o "lixo plástico" por não ser um elemento da natureza vai demorar muito tempo para voltar a um estado "natural", pois o plástico não existe na natureza.


Um quilo de petróleo jogado na terra deve "sumir" em uns cinco anos enquanto um quilo de plástico pode levar mais de cem anos para "sumir".


Os seres humanos realmente "consomem" recursos naturais pois os transforma, diminuindo os estoques de recursos como vegetação e minerais, ao mesmo tempo em que acumulam grandes quantidades de resíduos não naturais, ou seja: as duas coisas comprometem a vida natural como um todo. Em outras palavras: a diminuição dos estoques naturais e a formação de estoques artificiais diminui a capacidade da vida natural se renovar e isto é chamado, então, de perda de biodiversidade.


A Convenção da Diversidade Biológica estima que a perda da biodiversidade tenha um custo econômico entre 2 e 4,5 trilhões de dólares [3,4 a 7,65 trilhões de reais] POR ANO, e aqui vale escrever o número maior R$ 7.650.000.000.000,00.


Se quisermos realmente fazer o desenvolvimento sustentável teremos que pagar essa conta, logo, vamos calcular:


1. a população do mundo é de mais ou menos 7 bilhões arredondados;


2. dividindo o custo econômico pela população toca arredondados R$ 1.092,00 por ano/pessoa, ou uns R$ 90,00 por mês, de mamando a caducando e de miserável a milionário.


A perda da biodiversidade acabará por afetar os seres humanos que são também uma "diversidade biológica" e as perdas humanas – que já ocorrem por doença e morte por causas ambientais – pode significar o tal de "fim do mundo" do qual muitos falam.


Se você não quer que as coisas piorem pague R$ 90,00 por mês.


Se não tem dinheiro faça alguma coisa que valha R$ 90,00 por mês.


Se não pagar nem fizer alguma coisa, por favor, pare de pensar em desenvolvimento sustentável e comece a rezar.


(*) Paulo Maurício Serrano Neves é Procurador de Justiça do Estado de Goiás e Presidente do Conselho Curador da Fundação Acangau. Artigo publicado em 04/11/2010 no Portal Paracatu.

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