terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Fixing man's world, a child’s task

LD Dr.med. DSc. Sergio U. Dani, 31st December 2013

One of the most inspiring stories I have ever heard was about a seven year old boy who managed to fix the world by fixing the man behind it. The child’s father had found a world map printed on the page of a magazine. He cut out the map into several pieces, grabbed a roll of duct tape and handed it to his son, asking him to fix the broken world. The boy did not know how the world looked like, tried to fix it, but could not. But he remembered seeing the figure of a man printed on the opposite page, when his father took the role of the magazine to cut. Then he turned the clippings and started to fix the man he knew how. When he managed to fix the man, he turned the sheet and saw that he had repaired the world.

The obvious lesson this story is meant to teach us about is this: it is easier to fix the man, than to fix the world. The less obvious lesson that the story conveys is certainly this: the world will be fixed as the man is fixed. Man is at the center of the solution, no matter the direction it takes, when it comes to solve the puzzle of the broken world. 

A practical question arises as how to fix the man, in order to fix the world? We are thought to believe that education is the most effective way to ‘fix’ a person. But few people – most scientists anyway – would agree on what a ‘well-educated’ person is like. A well-educated person – in the sense of someone who is prepared to solve the puzzle of a broken world – is a person who has been educated in science, for science is the art of the soluble. Scientists often diverge, as this is part of the quest for scientific truth. But the enterprise of science as a whole is a safeguard against major error.

In this second decade of the 21st century, genetics offers other powerful tools to fix the man. In a foreseeable future, every individual will have access to the entire sequence of his or her genome, or a reliable representation thereof. Personalized treatments to disease will be devised, based on this genetic information. People will choose their partners based on their genetic compatibility. Genetic information will be used to attain adaptation to a changing environment. Eventually, we may come to the realization that it is easier to fix the environment, than to fix the man. At this point we will have turned the clippings. When we managed to fix the environment, we turned the sheet and saw that we had repaired the man.

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

O decadente império de Brasília e os inevitáveis movimentos de independência

Sergio Ulhoa Dani, em 30.dez.2013

O modelo do governo central e imperialista de Brasília está ultrapassado. A distribuição de bolsas, cotas, fundos, ‘pão e circo’ e outros favores tornou-se prática de manutenção de um governo incompetente e falido que de outra forma não se sustenta. Esses mimos são moedas de troca na compra e venda de votos e lealdade, eles corrompem cidadãos, dominam instituições e está claro que não reduzem a pobreza, a injustiça e a desigualdade social.

Quando o cidadão recebe um favor do governo, ele é comprado com seu próprio dinheiro. Essa corrupção não é, e nunca será política de desenvolvimento social. Política social é conservar um ambiente ecologicamente equilibrado, construir e manter boas escolas de todos os níveis e tipos, bons hospitais e transporte público seguro e de boa qualidade, bens de uso geral do povo e fundamentais para a boa saúde e a boa qualidade de vida.

Na política, ao contrário do que acontece na agricultura, costuma-se colher e semear ao mesmo tempo. A economia influencia a política, e a política influencia a economia. A politicalha corrompe as instituições sociais do Brasil e consegue a façanha de sabotar uma das maiores economias do planeta. Corrupção, ignorância, dívida, crime, insegurança, doença, atraso e retrocesso são os frutos que colhemos da árvore corroída pelos políticos bons de voto e conchavo, mas péssimos de governo.

Há quase dois séculos, nós declaramos nossa independência de Portugal, exatamente porque o modelo ultrapassado da corte de exploração não nos servia. Nós já tínhamos a coragem e o poder de proteger nossas riquezas, nossa identidade, nosso orgulho e nossa liberdade. Depois declaramos nossa independência do Império, da República Velha e das ditaduras. Em todas as épocas fomos ‘atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados, perseguidos, mas não desamparados, abatidos, mas não destruídos’ (II Cor. 4: 8 – 9). Nós sempre caminhamos em direção aos nossos destinos.

Agora é o tempo de declararmos nossa independência de Brasília e sua politicalha, esses cânceres que consomem nossos povos, nossos territórios e nossos governos. A vontade e o destino dos povos é constituir territórios e governos independentes.

domingo, 22 de dezembro de 2013

Dar-se ao luxo é para quem pode

LD Dr.med. DSc. Sergio U. Dani, de Göttingen, Alemanha


Circula na internet a história de Raphael, um jovem alemão da classe média que consegue sobreviver com sua família em Berlin com pouco ou nenhum dinheiro, utilizando os resíduos da economia alemã. A história provocou uma enxurrada de comentários de todo tipo, dos elogiosos até os agressivos.  Os ‘opositores’ argumentam que é ‘fácil’ sobreviver na Alemanha com pouco dinheiro, especialmente sendo da classe média abastada alemã. Sim, o alemão é da classe média. Sim, ele pode dar-se ao luxo de sobreviver do rico lixo alemão. A maioria dos alemães de classe média não conseguiria, nem poderia dar-se a esse luxo. Romper a barreira do consumo e da concorrência é para poucos. Sim, a Alemanha é um país do luxo. Por isso mesmo atrai milhões de imigrantes. Aqui eles podem dar-se ao luxo de sobreviver com dignidade, mesmo sendo pobres. Sim, vereador alemão pode dar-se ao luxo de trabalhar de graça, e contribuinte alemão pode dar-se ao luxo de pagar impostos. Sim, tudo isso é possível porque a Alemanha pode dar-se ao luxo de gerar riqueza explorando, com a disciplina e a tenacidade alemãs, os recursos humanos e naturais do planeta. Setenta por cento da geração de riqueza da Alemanha é feita fora do território alemão, graças à atuação global de gigantescas empresas alemãs como Siemens, Volkswagen, Krupp, Mannesmann, Bosch, Merck, Mercedes, BASF, SAP e centenas ou milhares de empresas menores. Sim, a Alemanha ainda pode dar-se ao luxo de pagar salários e benefícios altos, enquanto os países periféricos como o Brasil dão-se ao luxo de sustentar o estilo de vida alemão, fornecendo matérias-primas baratas, às custas da destruição do seu meio-ambiente, pobreza, doença, deseducação, enganação e endividamento dos povos brasileiros. Sim, o Brasil é um país fantástico. Talvez por isso mais de três milhões de brasileiros dão-se ao luxo de viver fora do Brasil, e alguns dão-se ao luxo de sonhar em voltar algum dia. Muitos dão-se ao luxo extremo de enviar dinheiro para o Brasil para sustentar famílias, negócios e projetos sociais. O volume de dinheiro que essas 'formiguinhas' brasileiras enviam todo o ano para o Brasil é estimado em sete bilhões de dólares, valor equivalente a quase a metade do valor da produção anual de soja do país, ou cerca de um quarto do orçamento federal para a saúde, ou mais de um terço do orçamento federal para a educação, de incerto repasse. O que é dinheiro? Instrumento ou meio, ou mercadoria ou fim? Há quem se dê ao luxo de deixar-se dominar pelo dinheiro, quem acredite que 'dinheiro é tudo', 'tempo é dinheiro' ou 'dinheiro move o mundo'. Poucos dão-se ao luxo de dominar o dinheiro. Quem domina o dinheiro? Talvez a resposta você possa encontrar lendo os livros da senhora Margrit Kennedy (e.g., 'Occupy Money'), uma alemã que pode dar-se ao luxo de pensar.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

‘Reluzente e imperecível’ é o genocídio do ouro

LD Dr.med. D.Sc. Sergio U. Dani

Resumo: Genocídio é um crime recorrente na história. A motivação comum entre os genocidas de todos os tempos é tomar posse dos territórios e riquezas das vítimas que encontram pelo caminho. Para o genocida, enriquecimento e poder são motivações bastante fortes para justificar as matanças. O biocídio ou matança dos sistemas de vida da terra, e o geocídio ou devastação da própria terra constitutem formas amplificadas de genocídio que se tornaram comuns no mundo globalizado. Enquanto o genocídio geralmente compromete a sobrevivência de grupos étnicos ou culturais, o geocídio compromete a sobrevivência da humanidade como um todo. Talvez o maior genocídio da história esteja sendo promovido pela mineração de ouro em larga escala. Para obter um punhado de ouro, poderosas mineradoras transnacionais aniquilam comunidades tradicionais, despejam milhões de toneladas de pó, lama e gases venenosos no ambiente, sufocam nascentes de água e seus vales, poluem rios e mares, envenenam e matam plantas, animais e pessoas. O rastro da destruição e seus venenos permanecem ativos por séculos e milênios. O geocida é um genocida que cospe no prato em que comeu.


Figura 1 │ Anúncio da propaganda sarcástica da empresa Degussa no jornal alemão ‘Die Zeit’ com o intuito de estimular a compra de ouro. No cartoon, três feiticeiros preparam uma mistura diabólica de ingredientes incluindo um osso semelhante ao fêmur humano. Ao fundo, um sujeito engravatado explica o que se passa: ‘Ah, o senhor sabe, o valor dos depósitos em ouro é superestimado. Nós temos aqui nossos métodos especiais para um perfeito mix de investimento’. Fonte: Die Zeit, N. 48, 21.Nov.2013, Seite 26/Wirtschaft.

"We find ourselves ethically destitute just when, for the first time, we are faced with ultimacy, the irreversible closing down of the earth's functioning in its major life systems. Our ethical traditions know how to deal with suicide, homicide and even genocide, but these traditions collapse entirely when confronted with biocide, the killing of the life systems of the earth, and geocide, the devastation of the earth itself." –  Thomas Berry

Para obter cada grama de ouro da mina a céu aberto localizada no perímetro urbano de Paracatu, Brasil, a mineradora canadense Kinross Gold Corporation (TSE-K; NYSE-KGC) explode duas toneladas e meia de rocha dura, destrói e polui nascentes de água potável e territórios de povos tradicionais reconhecidos pela Constituição Federal do Brasil, mata membros dessa comunidade a tiros de arma de fogo e envenena milhares com a poeira que lança sobre a cidade e a região.

Em cada tonelada de rocha da mina de ouro da Kinross em Paracatu existe um kilo de arsênio inorgânico, um veneno perigoso quando liberado da rocha para o ambiente. Basta um grama de arsênio inorgânico para matar ou adoecer gravemente sete pessoas adultas. O peso virtual ou pegada ecológica de cada grama de ouro que a Kinross retira de Paracatu equivale a 2,5 toneladas de rocha e 2,5 kg de arsênio inorgânico, uma dose letal para 17.500 seres humanos.

Até o ano 2010, a Kinross já havia liberado cerca de 300 mil toneladas de arsênio inorgânico das rochas da mina de Paracatu. Ao todo, a mineradora deverá liberar 1 milhão de toneladas desse veneno nos próximos 30 anos de mineração. Essa quantidade de arsênio equivale a uma dose suficiente para matar 7 trilhões de seres humanos. Os defensores da mineradora argumentam que apenas uma parte ‘ínfima’ desse veneno está bioacessível: cerca de 4%, equivalente a uma dose letal para ‘apenas’ 280 bilhões de pessoas.

Blindada contra os protestos das suas vítimas e apoiada numa rede de corrupção, a mineradora continua sua obra macabra. A rocha explodida é carregada por gigantescos caminhões fabricados para a Kinross pela empresa norte-americana Caterpillar/Bucyrus até um britador, onde a rocha é triturada. Dali a brita segue por uma esteira rolante até um gigantesco moinho construído para a Kinross pela alemã Siemens. No moinho, a rocha é pulverizada. O pó da rocha é misturado com água contendo diversas substâncias tóxicas e corrosivas, entre elas o cianeto de sódio fornecido para a Kinross pela norte-americana DuPont. A hidrometalurgia produz lingotes de uma mistura metálica contendo ouro, prata, cobre e ferro. O ouro é ‘purificado’ a partir desses lingotes por empresas como Degussa/Umicore. Finalmente, o ouro é vendido pelo mundo afora, transformado em lingotes, barras, moedas e jóias ‘reluzentes e imperecíveis’. Em Paracatu, fica o lixo da mineração a distilar um chorume macabro, a água podre do cadáver da rocha, o suco hediondo do lixo da mineração.

Uma aliança, uma moeda ou uma barra de ouro reluzente são leves de carregar. Mas seu peso de destruição, poluição, doença e morte é insustentável. A mineração hedionda da Kinross em Paracatu um dia termina, mas o seu chorume macabro permanece por séculos e milênios, espalhando-se lentamente para o resto do mundo.

Nota: 
No Brasil a Lei no. 2.889, de 1 de outubro de 1956 define o crime de genocídio e dá suas penas. É considerado crime de genocídio: Art. 1º Quem, com a intenção de destruir, no todo ou em parte, grupo nacional, étnico, racial ou religioso, como tal: a) matar membros do grupo; b) causar lesão grave à integridade física ou mental de membros do grupo; c) submeter intencionalmente o grupo a condições de existência capazes de ocasionar-lhe a destruição física total ou parcial; d) adotar medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo; e) efetuar a transferência forçada de crianças do grupo para outro grupo. A lei não prevê a existência de genocídio culposo mas a imprudência, imperícia ou negligência nos cuidados exigidos para evitar lesão à saúde e dano ao meio ambiente podem causar o mesmo resultado previsto na lei para o genocídio doloso (com intenção de causar lesão). O genocídio culposo não gera processo criminal, mas gera a obrigação de indenizar.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

A queda do Reino da Macacolândia



Sergio U. Dani

Essa semana o congresso brasileiro aprovou um orçamento de mais de 2 trilhões de reais para 2014. Quase metade desse valor, cerca de 1 trilhão de reais foram destinados à rolagem da dívida pública. Com as contas públicas sufocadas em dívidas e juros de dívidas, sem dinheiro e sem política de Estado para saúde, educação, ciência, tecnologia e conservação ambiental, o país perde energia vital, perde oportunidades preciosas de evoluir. Na linguagem médica, o país sofre de catabolismo, uma condição em que o ritmo de consumo das reservas vitais de matéria e energia excede o ritmo de sua produção e armazenamento.  A causa geralmente é o crescimento de tumores malignos, em detrimento da saúde e sobrevivência do organismo como um todo. O país está moribundo porque os administradores da coisa pública brasileira gastam mal, consomem nossas reservas vitais e nos endividam, assim como fazem os tumores malignos.

Depois da notícia da dívida pública, outra notícia grotesca: hoje  a polícia do Rio de Janeiro subiu numa árvore para retirar, à força, um índio manifestante que resistia à prisão. As duas notícias compõem uma alegoria do atraso do Brasil: o país não consegue descer das árvores. As autoridades e representantes do povo regridem no esquema da evolução ao subir em árvore para caçar os direitos do próprio povo. Uma sucessão de macacos primitivos numa cadeia hereditária de poder transformou o país no ‘Reino da Macacolândia’, conforme denunciado há tempos por Monteiro Lobato. O ciclo vicioso de má-gestão e atraso enfraquece o país, e torna-o alvo da chacota nacional e internacional.

Até quando vamos suportar essa realidade? O que estamos fazendo ou deixando de fazer com nosso país, nosso orgulho, nosso futuro? É preciso recuperar nosso orgulho perdido, nosso tempo perdido, nossas oportunidades perdidas. Precisamos extirpar os tumores antes que eles nos devorem por completo, acabar com o Reino da Macacolândia, antes que ele destrua a nossa árvore da vida. No lugar da Macacolândia, devemos criar novos territórios de sobrevivência, novos povos, novos governos, e devolver a nós mesmos o nosso direito de encontrar nossos próprios caminhos. O Reino da Macacolândia, o Brasil dos macacos primitivos será uma miragem na nossa história.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Gravíssimos absurdos: novas emendas no Código de Mineração

Enquanto a sociedade está ocupada em seus afazeres de final de ano, e mesmo distraída com as confusões em torno da prisão dos mensaleiros... as quadrilhas atacam no Congresso Nacional.

O projeto do novo Código de Mineração está prevendo que a criação de qualquer área protegida dependerá de concordância prévia do Departamento de Produção Mineral (DNPM) !!!!!!!

Ao mesmo tempo, tentam mudar a Lei das Unidades de Conservação !!!!!! 

Vejam abaixo o que querem incluir:

Art. 2º. A Lei nº 9.985, de 2000, passa a vigorar acrescida do seguinte art. 22-B:

“Art. 22-B. Fica vedada a criação de unidades de conservação da natureza em áreas:
I – antropizadas com estrutura produtiva consolidada;
II – com presença de bens de valor histórico, cultural e arquitetônico para a população;
III – identificadas, pelo órgão competente, como de favorabilidade geológica, considerando, para tanto, a concentração de minas na região e o conhecimento geológico, geoquímico e geofísico da área;
IV – com recursos hídricos estratégicos para a geração de energia elétrica."

Conclusão: se ninguém fizer nada, nunca mais criaremos um parque ou uma reserva natural no Brasil.

O QUE PROPÕEM É UM ABSURDO. A CRIAÇÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO VISA JUSTAMENTE PROTEGER ÁREAS DE RELEVANTE VALOR SÓCIO-AMBIENTAL E PAISAGÍSTICO CONTRA AS AMEAÇAS DA DESTRUIÇÃO. O ENVOLVIMENTO DO DNPM É UM ABSURDO, NÃO FAZ SENTIDO ALGUM PARA A LEI DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO E ATÉ ANULA A LEI.

O CORRETO É CRIAR INSTRUMENTOS PARA UMA POLÍTICA DE AVALIAÇÃO PRÉVIA OU EX ANTE E PODER SOBERANO DE DECISÃO, POR PARTE DAS POPULAÇÕES ATINGIDAS E DOS ÓRGÃOS AMBIENTAIS, SOBRE A CRIAÇÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO, COMO CONDIÇÃO PARA INÍCIO DE QUALQUER PROCESSO DE LICENCIAMENTO DE MINERAÇÃO. 

AS POPULAÇÕES ATINGIDAS E OS ÓRGÃOS AMBIENTAIS DEVERIAM TER PODER DE EMBARGO DE PROCESSOS DE LICENCIAMENTO, A QUALQUER TEMPO, VISANDO A CRIAÇÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO. 

TAMBÉM É PRECISO GARANTIR A CRIAÇÃO DE GEO-PARQUES EM ÁREAS DE OCORRÊNCIA MINERAL E FORMAÇÕES GEOLÓGICA DE IMPORTÂNCIA PARA A BIOTA, PARA A PRODUÇÃO E ARMAZENAMENTO DE ÁGUA E PARA A CONSERVAÇÃO DA PAISAGEM. 

Um plano de sobrevivência dos povos brasileiros.

LD Dr.med. D.Sc. Sergio U. Dani*

*Instituto Medawar de Pesquisa Médica e Ambiental, Fundação Acangau, Paracatu, Opará.

O mundo passa por um processo acelerado de degradação dos recursos naturais que tem levado ao acirramento de conflitos, à violência e até ao genocídio. 

O processo revela-se especialmente grave no Brasil, onde a ausência de políticas de Estado, a má-gestão da coisa pública, as ingerências externas e a corrupção têm facilitado enormemente a destruição das bases de sustentação dos ecossistemas e comprometido a sobrevivência dos nossos povos.

Ninguém mais duvida que uma solução para esses graves problemas deve ser encontrada e posta em prática.

Proponho aqui um plano que poderá criar as bases para a sobrevivência dos povos brasileiros, no presente e no futuro.

O plano é simples. Sua base é o respeito aos sistemas de solos-florestas-águas-povos dos territórios naturais brasileiros. 

A água deve servir de base para o planejamento porque sem água não há vida, não há saúde, não há desenvolvimento sócio-econômico e cultural, não há paz. A produção de água depende da conservação dos solos e das florestas.

A título de referência, adota-se o mapa de bacias hidrográficas do Brasil preparado pelo CNRH-Conselho Nacional de Recursos Hídricos (Figura 1).

Figura 1 │ Mapa de organização natural do território brasileiro segundo as principais bacias hidrográficas (fonte: CNRH-Conselho Nacional de Recursos Hídricos). Nomes sugeridos para os territórios componentes do novo pacto (em sentido norte-sul, oeste-leste): Amazônia (pode ser desdobrado em vários territórios, segundo as sub-bacias hidrográficas), Tocantins, Gurupi (Território da bacia do Atlântico NE Ocidental), Piauí (o estado do Piauí corresponde à bacia do Parnaíba), Jaguaribe (Território da bacia do Atlântico NE Oriental), Opará (Território da bacia do São Francisco), Jequitinhonha (Território da bacia do Atlântico Leste), Pantanal (Território da porção brasileira da bacia do Paraguai), Paraná, Doce (Território da bacia do Atlântico Sudeste), Iguape, Uruguai e Camacuã (Território da bacia do Atlântico Sul).


Uma vez estabelecidas essas bases territoriais naturais, serão tomadas as seguintes providências:

1. Reconhecer a autonomia e a soberania dos territórios naturais brasileiros e seus povos. O processo de reconhecimento será feito ao nível nacional, pelo atual Estado brasileiro que deixará de existir para o bem geral de todos, e internacional, pelos demais Países, Estados e Nações, e pela ONU-Organização das Nações Unidas; 

2. Decentralizar a administração pública fracassada atual, devolvendo o poder e a responsabilidade aos governos autônomos e soberanos dos territórios naturais;

3. Promover a livre união desses territórios, povos e governos autônomos e soberanos em torno de um novo parlamento supranacional com a responsabilidade de fomentar ciência, educação, saúde, justiça e desenvolvimento sócio-ambiental, bem como reforçar os instrumentos de defesa pública, como o Ministério Público (Ministério Público dos Territórios Naturais do Brasil, MP-TNB) e um Exército organizado como pacto dos territórios (Organização de Defesa dos Territórios Naturais do Brasil, OD-TNB).

4. Interromper o fluxo de exportação das riquezas dos territórios às custas da permanência da degradação e da pobreza nesses territórios.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Uma cicatriz venenosa na Amazônia

Em questão de dias, uma megamineradora canadense pode ser autorizada a construir uma enorme mina de ouro tóxica no Xingu, que poderá poluir a Amazônia! As autoridades no Pará querem arrecadar recursos a curto prazo e por isso podem aprovar o projeto a qualquer momento – mas o IBAMA pode agir se pressionado por um forte apelo da população contra essa louca corrida do ouro. Inclua seu apoio, antes que seja tarde demais: 

http://www.avaaz.org/po/uma_mina_de_ouro_na_amazonia_full/?bkCPhfb&v=31522

Entre em contato com as autoridades constituídas para defender o povo e o território brasileiros de mais um geocídio e mais um genocídio:


Presidente da República do Brasil
Dilma Rousseff
061 3411-1200
061 3411-1201
Tuíte para @dilmabr

Ministra do Meio Ambiente
Izabella Teixeira
061 2028-1058
061 2028-1289
Tuíte para @mmeioambiente

Presidente do IBAMA
Volney Zanardi Jr.
061 3316-1001 até 1003 (Sede PP)
Tuíte para  @brasil_IBAMA

domingo, 13 de outubro de 2013

A campanha dos médicos brasileiros



Corrupção, descaso da saúde e da educação, truculência contra o meio ambiente e os povos indígenas, violência e criminalidade de todo tipo estouram sempre nas mãos dos médicos. São eles os que sentem as mazelas sociais em primeira mão, a eles recorrem as vítimas em primeiro lugar. 


A imagem do bom médico é a do profissional dedicado a diminuir o sofrimento das pessoas, o conselheiro, o estudioso, o responsável. 


Não por acaso, os médicos sempre foram uma força política, candidatos ideais para as campanhas eleitorais. 


A nova campanha dos médicos que corre pela internet tem o objetivo de tirar os votos da Dilma na próxima eleição. Para muitos, soa a proselitismo político. De qualquer forma, é uma mensagem da indignação de um exército de bandeira branca capaz de combater o exército da bandeira vermelha, pelo exercício do voto.    


Leia também:

http://brasileirosparaomundo.blogspot.de/2013/07/falta-de-medico-e-curso-de-medicina-de.html

sábado, 21 de setembro de 2013

Nova geração de transgênicos, resistentes ao agrotóxico 2,4-D, pode deixar lavouras brasileiras mais tóxicas

O Brasil pode ser o terceiro a aprovar plantio de sementes resistentes ao agrotóxico 2,4-D. Especialistas alertam que o possível aval da CTNBio à soja e ao milho aumente o uso do herbicida altamente tóxico.

No Brasil, 90% dos agrotóxicos são utilizados em oito commodities agrícolas
A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) julga nesta quinta-feira (19/09) o pedido de aprovação de quatro modalidades de sementes transgênicas resistentes ao agrotóxico 2,4-D. São dois tipos de soja e dois tipos de milho.
O Brasil seria o terceiro a aprovar o plantio dessas variedades. Até o momento, o Canadá é o único que cultiva esse tipo de milho. Já essa versão de soja transgênica é aprovada, além do Canadá, também no Japão – mas a permissão no país asiático se restringe à plantação em campos isolados.
O pedido de liberação foi feito pela americana Dow AgroSciences, que também tem sede no Brasil e é uma das seis gigantes da indústria de sementes e agrotóxicos do mundo.
Segundo Leonardo Melgarejo, representante do Ministério do Desenvolvimento Agrário na CTNBio e avaliador de uma das sementes solicitadas pela Dow, existem “riscos alarmantes” na aprovação das sementes. “Nós estamos passando agora para a possibilidade de aplicação via aérea de produtos de alta periculosidade”, afirma.
O 2,4-D é um dos componentes do chamado Agente Laranja, utilizado pelos Estados Unidos durante a Guerra do Vietnã. Ele é o terceiro agrotóxico mais utilizado no Brasil (5%), depois do glifosato (29%) e do óleo mineral (6%). De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que regulamenta e avalia a toxicidade de agrotóxicos, o 2,4-D é classificado com o nível de toxicidade mais elevado.
Efeito reverso

A aprovação das sementes resistente ao 2,4-D pode levar a um efeito contrário: especialistas alertam que o uso do agrotóxico pode aumentar. Em artigo publicado na revista científicaEnvironmental Science Europe, Chuck Benbrook, da Universidade do Estado de Washington, prevê um aumento de 50% no uso do 2.4-D nos Estados Unidos caso as novas sementes sejam aprovadas neste país.
O Centro de Segurança Alimentar dos Estados Unidos prevê que o uso do herbicida isoxaflutole aumentará quatro vezes devido à aprovação nos EUA de uma modalidade de milho resistente a este herbicida.
No Brasil, Victor Pelaez, diretor do Observatório da Indústria de Agrotóxicos e professor na Universidade Federal do Paraná, lembra que, quando a primeira soja transgênica foi aprovada, umas das possíveis vantagens apresentadas seria a diminuição do uso do agrotóxico glifosato. Oito anos depois, o glifosato continua sendo o agrotóxico mais utilizado no Brasil. Pesquisas do Observatório apontam que, após a utilização da soja transgênica no Rio Grande do Sul, ainda de maneira ilegal, entre 2000 e 2004, o consumo do glifosato aumentou 162%.
Esse consumo levou ao desenvolvimento de pragas resistentes e, por consequência, à necessidade de sementes tolerantes a herbicidas mais tóxicos. “Do ponto de vista tecnológico, é um retrocesso. Seja porque se tem que utilizar mais quantidade do glifosato que é menos tóxico, seja porque tem que se usar também produtos mais tóxicos. Isso era a crônica da morte anunciada. Todo mundo da área sabia disso”, analisa Pelaez.
Segundo a Dow, não há uma relação entre o uso elevado dos agrotóxicos e o uso de transgênicos. “As taxas de uso de herbicidas está já crescendo devido à resistência ao glifosato, e irá crescer ainda mais sem a nova tecnologia para ajudar a lidar com essa situação”, afirma Garry Hilman, porta-voz da empresa. Segundo ele, as novas sementes vão permitir que as ervas daninhas não desenvolvam resistência a um tipo específico de agrotóxico.
Ao ser questionado sobre a relutância de alguns países à aprovação das sementes tolerantes ao 2,4-D, a empresa afirma que se deve aos trâmites burocráticos dos países. “Nós estamos confiantes que os legisladores nas principais nações produtoras irão reconhecer os diversos benefícios desta nova tecnologia tanto para os produtores agrícolas como para o meio ambiente.”
Para a Secretaria Nacional do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), as novas sementes não resolverão o problema do que tem se chamado de “falha tecnológica”. “Essas variedades, assim como as que as antecederam, chamadas de ‘melhoradas’, termo que não utilizo pois apenas foram selecionadas em laboratório, não melhoraram em nada a agricultura, pois causou uma grande redução na base genética das culturas alimentares”, afirma o MPA em declaração à DW Brasil. 
Passado sombrio

Operação “Mão de Fazendeiro” despejou cerca de 45 milhões de litros de Agente Laranja no Vietnã
O 2,4-D ficou mundialmente conhecido por compor o Agente Laranja, utilizado para desfolhar as florestas e expor vietnamitas ao ataque dos Estados Unidos durante a Guerra do Vietnã. Milhões de pessoas morreram devido à operação conhecida como “Mão de fazendeiro” e, 30 anos depois, a substância química ainda é encontrado na terra e água do país, levando a defeitos genéticos em várias gerações.
A Dow AgroSciences, junto com três outras empresas do ramo de biotecnologia, montou a Força Tarefa 2,4-D, com o objetivo de divulgar informações sobre o herbicida. Elas afirmam que a vinculação com o Agente Laranja é um equívoco, pois os efeitos letais deste químico seriam causados pela dioxina, um resíduo da mistura dos componentes 2,4-D e 2,4,5-T da fórmula do Agente Laranja.
No entanto, especialistas apontam que a toxicidade do 2,4-D independe de sua vinculação com a dioxina. Em nome da Academia Americana de Medicina e Meio Ambiente, Robin A. Bernhoft afirma que “o 2,4-D é considerado a causa de todos os cânceres e defeitos genéticos nos filhos de ex-combatentes americanos no Vietnã e de vietnamitas causados pelo Agente Laranja”.
A questão reside também na qualidade do 2,4-D utilizado. Benbrook aponta o risco de que maior parte do 2,4-D usado no Brasil seja importado da China, com altos níveis de dioxina. “Eu concordo que o 2,4-D da Dow é muito mais limpo do que o dos 1970, mas quem pode garantir que os agricultores brasileiros irão comprar o 2,4-D mais caro e mais limpo?”, questiona.
Melgarejo aponta para o mesmo problema, devido à utilização da forma de 2,4-D conhecida como éster butílico, considerada mais perigosa por formar mini-gotículas que dispersam facilmente no meio ambiente.
“Nesse caso, o produto dança no ar, ele se desloca por grandes áreas e pode afetar muitas outras culturas. É uma formulação mais barata, porque mais perigosa”, esclarece. “As empresas afirmam que não vão vender no Brasil. Mas nada impede que entre por contrabando”, alerta Melgarejo.
Os riscos do 2,4-D-éster-butílico levaram a Autoridade Australiana para Medicina Veterinária e Agrotóxicos (APVMA) a cancelar, em agosto, a autorização do uso dessa modalidade de herbicida na Austrália alegando “riscos ambientais inaceitáveis”. 
Aprovação

Aproximadamente 90% da soja plantada no Brasil é transgênica, segundo CIB
O Brasil já aprovou 56 organismos geneticamente modificados. Das 31 plantas, contando com sementes e algodão, 25 possuem alteração para resistir a agrotóxicos e doze são tolerantes a mais de um herbicida ou inseticida. A tolerância, em grande maioria, é aos agrotóxicos glifosato e glufosinato de amônico, ambos de baixa toxicidade.
As duas modalidades de milho e de soja foram apresentadas pela empresa Dow no ano de 2012 e 2013 para liberação comercial. Quando concedida, a liberação permite a venda das sementes transgênicas para plantação, seu consumo direto em alimentos e derivados, assim como utilização em rações animais.
Caso as sementes resistentes ao 2,4-D sejam aprovadas pela CTNBio, o processo é encaminhado ao Conselho Nacional de Segurança, que pode deferir ou indeferir a decisão da Comissão. 
Matéria de Joana Brandão Tavares na Agência Deutsche Welle, DW, publicada peloEcoDebate, 20/09/2013

domingo, 15 de setembro de 2013

Energia solar alemã sufoca a hidráulica suíça

http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticias/30961/energia%20solar%20alema%20sufoca%20a%20hidraulica%20suica.shtml

Com redução do preço da eletricidade na Europa, companhias resistem a investir em infraestrutura.

A energia hidráulica é a principal fonte de eletricidade nos países alpinos. Contudo, apesar de sua importância na mudança para alternativas renováveis na Europa, na Áustria e na Suíça estão suspensos alguns projetos de construção de infraestrutura hidrelétrica. Nos dias de bons ventos do verão alemão, quando milhões de painéis absorvem o Sol e as turbinas eólicas funcionam a toda velocidade, a rede elétrica não tem como absorver o excesso de energia. Nos domingos, em especial, a produção supera a demanda.
O resultado é a diminuição das tarifas. Inclusive aparecem números negativos, o que significa que os clientes recebem pela eletricidade. O mercado energético da Europa está liberalizado. O que acontece na Alemanha afeta seus vizinhos e as centrais hidrelétricas suíças não podem competir nessas condições. O auge da energia hidráulica suíça é histórica. Esta fonte, que cobre 55% da demanda, atravessa uma crise de rentabilidade porque as tarifas caíram 20% em relação ao ano anterior.

Nessas condições, as grandes produtoras de eletricidade da Suíça – Alpiq, Axpo, BKW e Repower – não estão dispostas a investir para otimizar e aumentar sua infraestrutura. Na verdade, a Repower anunciou uma redução de seus investimentos em 35% para os próximos dez a 15 anos. Andreas Meyer, responsável de comunicação da Alpiq, disse à IPS que os subsídios maciços para as energias renováveis desestabilizaram o mercado e puseram em dúvida a rentabilidade das centrais térmicas e hidrelétricas e também bloquearam os futuros investimentos. Atualmente, a Alpiq tem um programa de desinvestimento e teme que continue a deterioração das tarifas.

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Entretanto, o desenvolvimento da energia hidráulica na Suíça é motivo de controvérsia. O governo estima que será entre quatro e cinco terawatts por hora, mas o WWF (Fundo Mundial para a Natureza) afirma que será apenas 1,5 terawatts. Em todo caso, seu potencial é muito baixo. Entretanto, a Suíça subsidia as pequenas centrais com capacidade inferior a dez megawatts, independente de sua eficiência e do dano ecológico que causam. Graças às subvenções, os pequenos projetos hidrelétricos se tornaram muito rentáveis.

No entanto, o WWF reclama o fim dos subsídios. “É uma loucura total construir novas centrais em águas virgens”, afirmou à IPS Christoph Bonzi, do WWF Suíça. Atualmente, 95% das fontes de água do país são usadas para gerar eletricidade. Por uma vez, conservacionistas e principais fornecedores de energia afirmam o mesmo sobre o sistema de subsídios da Suíça, que favorece os pequenos projetos hidrelétricos. “Por acaso, não é absurdo os subsídios para as novas energias renováveis gerarem uma situação em que até outras tecnologias sistêmicas necessitem de apoio”, questionou Werner Steinmann, porta-voz da Repower.

O auge da energia eólica e da solar na Europa aumentou a demanda de armazenamento de eletricidade, já que ambas são fontes flutuantes. Alemanha, Áustria e Suíça concordaram, no ano passado, em aumentar a capacidade das usinas hidrelétricas de armazenamento por bombeamento em um esforço conjunto. Várias dessas centrais estão em construção nos Alpes suíços. Porém, ainda não se sabe se os investimentos valerão a pena. Algumas companhias suíças de energia não se opõem a todos os subsídios para as energias renováveis.

O maior acionista da Repower é o cantão dos Grisones, cujo conselheiro-chefe, Mario Cavigelli, rompeu um tabu ao pedir subsídios para a eletricidade gerada em grandes hidrelétricas. Também pediu a redução dos fundos para as pequenas iniciativas. Contudo, trata-se de uma pedido discutido dentro do setor. A encarregada de imprensa da Axpo, Daniela Biedermann, disse que não se pode resolver os problemas dos subsídios agregando novos. “Devemos discutir como implantar as novas energias renováveis em um sistema voltado para o mercado”, afirmou.

A Associação Suíça para a Gestão da Água (SWV), que representa o setor, reclama que os subsídios à energia hidrelétrica não se limitem às pequenas centrais. A organização propõe que seja usado o critério da eficiência, um aspecto ignorado pelo atual sistema. A SWV quer que sejam promovidos os projetos que geram mais eletricidade por dólar subsidiado. Entretanto, os conservacionistas não estão muito contentes com as novas demandas corporativas. Em nome do “interesse nacional” as empresas tentam explorar inclusive reservas de água protegidas.

O WWF prefere melhorar a eficiência em lugar de usar até a última gota para produzir eletricidade. Do outro lado da fronteira, as empresas da Áustria enfrentam problemas semelhantes. Atualmente, cerca de 60% do fornecimento elétrico são cobertos com a energia hidráulica local. O setor tratou de aumentar sua capacidade em sete terawatts por hora até 2020.

“Seguramente, não podemos alcançar nossas expectativas”, disse Ernst Brandstetter, porta-voz da Oesterreichs Energie, que representa os interesses da indústria elétrica austríaca. Segundo ele, atualmente o realista é prever apenas quatro terawatts/hora até 2025. “Infelizmente, muitos projetos estão parados. A indústria tem cinco anos de atraso em relação aos seus planos de desenvolvimento”, acrescentou. Brandstetter explicou que, no tocante às hidrelétricas, a situação atual do mercado se caracteriza por uma grave insegurança.

“Muitos projetos previstos já não têm justificativa econômica”, ressaltou Brandstetter. A Oesterreichs Energie não pede subsídios, mas quer um ambiente mais propício para os investimentos. “O mais preocupante é que até os projetos de armazenamento de energia serão rentáveis. Junto com as redes elétricas, as centrais hidrelétricas de armazenamento por bombeamento são os facilitadores mais importantes para um futuro com fontes renováveis”, insistiu.

O porta-voz pede que se deixe de distorcer o mercado, fazendo com que o europeu esteja pautado por normas que permitam a todas as fontes de energia competirem em igualdade de condições. O setor hidrelétrico da Áustria e da Suíça depende muito do que acontece na União Europeia. Atualmente estão em consultas as Diretrizes de Ajuda à Energia e ao Meio Ambiente 2014-2020. Na próxima primavera boreal será preciso ver se as centrais hidrelétricas alpinas se beneficiam ou não das novas pautas.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Poluição do ar mata mais do que alcoolismo e obesidade no Reino Unido


04 de Julho de 2013 • Atualizado às 17h59
Redação CicloVivo

Baixa qualidade do ar causou mais de 29 mil mortes em um ano.

Um estudo encomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) apontou que a poluição atmosférica causa 29 mil mortes anuais no Reino Unido – mais do que a obesidade e o alcoolismo juntos. Só em Londres, todos os anos são registradas quatro mil e trezentas mortes relacionadas ao ar poluído – e, segundo especialistas, as causas não estão apenas relacionadas com problemas cardíacos e respiratórios.

O relatório foi elaborado por uma equipe de 60 especialistas de diversas áreas – cardiologistas, epidemiologistas, pneumologistas e outros –, que analisaram os impactos causados na saúde pelos gases poluentes liberados pelo trânsito, pela indústria e pelas lareiras das casas dos europeus. Um preocupante dado revelado pelo estudo afirma que, além das doenças cardíacas e respiratórias, a poluição do ar também estabelece relações com casos de diabetes, estimula a morte de recém-nascidos e prejudica o desenvolvimento das crianças.

Com o relatório publicado, a ONU está pressionando os países europeus para que medidas eficientes sejam adotadas, a fim de reduzir os níveis de poluição do ar.  “O dobro da população da Europa sofre hoje de asma do que há 30 anos. Estes resultados pretendem acordar os decisores europeus para os poluentes atmosféricos e provam que as políticas europeias estão erradas”, explicou a diretora-adjunta da Health and Environmental Alliance (Heal), que comentou o estudo.
Os profissionais também concluíram que os trens e o metrô podem 

aumentar a exposição das pessoas às partículas de poluição – de acordo com o estudo, os sistemas férreo e metroviário aumentam a exposição das pessoas a partículas e metais poluentes. As fontes de poluição presente nos interiores de casas e escritórios, como as lareiras, afetam diretamente a saúde das pessoas.

Caso Eike põe em xeque apoio do BNDES a megagrupos nacionais


Ruth Costas
Da BBC Brasil em Londres
Atualizado em  9 de julho, 2013 por http://inpacto.wordpress.com/

O colapso do grupo EBX, do magnata brasileiro Eike Batista, põe em xeque as políticas de apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em relação a grandes grupos nacionais.
Essa é a avaliação tanto de Aldo Musacchio, professor da Harvard Business School, quanto de Mansueto Almeida, do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA), que vêm estudando as práticas e escolhas do banco e seus efeitos sobre a economia brasileira.
"É impressionante ver como algumas das escolhas feitas pelo BNDES (no apoio ao que vem sendo chamado) de 'campeões nacionais' não estão obtendo os resultados esperados", diz Musacchio.
"E o grupo EBX é apenas o último exemplo disso. Com todos os protestos contra a corrupção e esse debate sobre os custos dos estádios (da Copa), parece problemático o fato de o banco ter arriscado bilhões nesse grupo."
O EBX - conglomerado que inclui a petrolífera OGX, a produtora de energia MPX, o estaleiro OSX, a mineradora MMX e outras empresas - era um cliente preferencial do BNDES.
Segundo informações do banco, o total de empréstimos contratados pelo grupo nos últimos anos foi de R$ 10,4 bilhões de reais. o suficiente para pagar por todos os estádios da Copa.
O valor inclui os recursos que o banco se comprometeu a emprestar a Eike, mas não desconta o que já foi pago e o que ainda não foi desembolsado. O BNDES se recusa a revelar quanto o grupo efetivamente lhe deve alegando sigilo bancário, mas diz que sua exposição a EBX é "pequena" e Eike teria oferecido "amplas garantias" aos empréstimos.
De acordo com um levantamento do banco Merryll Lynch feito com base nos balanços das empresas, porém, tal exposição seria da ordem de R$ 4,9 bilhões – o que faria do BNDES a instituição financeira mais exposta ao grupo.
Além disso, o BNDESPar, braço de participações acionárias do banco, tem pequenas participações na SIX (33,02%), MPX(10,34%), CCX (11,72%), MMX (0,66%) e OGX (0,26%), em um total de mais de R$ 500 milhões.
Fortuna
Eike era, em março de 2012, o oitavo homem mais rico do mundo segundo a agência Bloomberg, com um patrimônio estimado em US$ 34,5 bilhões (R$ 78 bilhões).
A desaceleração chinesa, a perda de vigor do PIB brasileiro e uma série de problemas do grupo EBX, porém, fizeram com que suas empresas pouco a pouco perdessem a confiança dos mercados.
Primeiro a OSX revisou suas metas de produção. A mineradora MMX teve obras paralisadas no Chile e desistiu de projetos no país. Quando a petrolífera OGX anunciou a inviabilidade comercial de seus poços da Bacia de Campos, na semana passada, as ações de algumas empresas do conglomerado caíram em queda livre e começou-se a falar em uma reestruturação total do grupo.
A fortuna de Eike encolheu para US$ 2,9 bilhões (R$ 6,5 bilhões).
"O problema do grupo EBX foi ter crescido rápido demais apostando em um cenário muito otimista", diz Wilber Colmerauer, do Emerging Markets Investments em Londres. Ou seja, Eike prometeu demais e entregou de menos.
Críticas
"É claro que não foi só o BNDES que se enganou com a EBX. Os bancos e investidores privados também acreditaram em suas promessas de grandes lucros", diz Almeida.
Para o especialista do IPEA, no entanto, a questão é que o BNDES faz empréstimos com recursos públicos e juros subsidiados e, portanto, deveria ser guiado por uma lógica diferente da usada pelo setor privado – o que não parece ser o caso.
"Poderíamos ter investido os recursos (emprestados ou usados para adquirir participações no grupo EBX) em setores que nos levassem a criar tecnologias novas e não vão se desenvolver se não tiverem incentivos", diz Almeida.
"É claro que também há riscos nessa opção, mas um risco justificado pelos potenciais benefícios em termos de aprendizado, de mudança estrutural no setor produtivo que ajudariam a diversificar a economia do país e lhe dar mais perspectivas no longo prazo. Não vejo o que ganharíamos apoiando um grande grupo como o EBX, que além de ser mais capaz de captar recursos no setor privado atua em áreas em que o Brasil já é 'forte', já tem vantagens comparativas."
Musacchio, de Harvard, concorda com o diagnóstico.
"As grandes apostas do BNDES nos últimos anos têm sido em (empresas que atuam na área de) commodities - petróleo, mineração, gás, carne congelada e etecetera", diz ele.
"Isso quer dizer: o banco está apostando em setores que são muito dependentes do crescimento do PIB chinês em um momento em que a China está desacelerando. Mas se você conversa com produtores de equipamentos médicos, de hard drive e outros (produtos de alto valor agregado) se dá conta que eles não estão recebendo tanto apoio."
Pesquisa
Musacchio conta ter feito um estudo analisando os investimentos de portfólio do BNDESPar desde 2008 e a conclusão foi de que sua performance, em termos de retornos financeiros, foi muito fraca, "bem aquém da performance da Bovespa em geral".
"Você pode argumentar que o objetivo do BNDES não é maximizar seus lucros", diz o economista. "O problema é que nossos estudos têm mostrado que eles também não têm investido ou emprestado dinheiro para as empresas que mais precisam (por não terem recursos próprios para investir ou fontes de financiamento alternativa). E supostamente, isso ocorreria porque eles estariam escolhendo empresas com boas performances e resultados (Para reduzir seus riscos)."
Já Colmerauer é menos crítico. Para ele, apesar de algumas apostas erradas, nos últimos anos o BNDES também ajudou a criar grupos nacionais que seriam "estrelas do mercado, como a Brazil Foods (resultado da fusão da Perdigão com a Sadia)."
Ele diz que os problemas da empresa de Eike de fato têm gerado grande apreensão nos mercados e agora há uma corrida para entender até que ponto os bancos públicos – e em especial o BNDES – poderiam ser atingidos por suas repercussões.
"Trata-se de um ciclo vicioso: o pessimismo em relação à economia brasileira faz com que seja mais difícil para Eike conseguir novos empréstimos e reestruturar suas empresas e ao mesmo tempo, o colapso do valor de mercado de seu grupo ajuda a ampliar o pessimismo das expectativas sobre o país."