quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

A queda do Reino da Macacolândia



Sergio U. Dani

Essa semana o congresso brasileiro aprovou um orçamento de mais de 2 trilhões de reais para 2014. Quase metade desse valor, cerca de 1 trilhão de reais foram destinados à rolagem da dívida pública. Com as contas públicas sufocadas em dívidas e juros de dívidas, sem dinheiro e sem política de Estado para saúde, educação, ciência, tecnologia e conservação ambiental, o país perde energia vital, perde oportunidades preciosas de evoluir. Na linguagem médica, o país sofre de catabolismo, uma condição em que o ritmo de consumo das reservas vitais de matéria e energia excede o ritmo de sua produção e armazenamento.  A causa geralmente é o crescimento de tumores malignos, em detrimento da saúde e sobrevivência do organismo como um todo. O país está moribundo porque os administradores da coisa pública brasileira gastam mal, consomem nossas reservas vitais e nos endividam, assim como fazem os tumores malignos.

Depois da notícia da dívida pública, outra notícia grotesca: hoje  a polícia do Rio de Janeiro subiu numa árvore para retirar, à força, um índio manifestante que resistia à prisão. As duas notícias compõem uma alegoria do atraso do Brasil: o país não consegue descer das árvores. As autoridades e representantes do povo regridem no esquema da evolução ao subir em árvore para caçar os direitos do próprio povo. Uma sucessão de macacos primitivos numa cadeia hereditária de poder transformou o país no ‘Reino da Macacolândia’, conforme denunciado há tempos por Monteiro Lobato. O ciclo vicioso de má-gestão e atraso enfraquece o país, e torna-o alvo da chacota nacional e internacional.

Até quando vamos suportar essa realidade? O que estamos fazendo ou deixando de fazer com nosso país, nosso orgulho, nosso futuro? É preciso recuperar nosso orgulho perdido, nosso tempo perdido, nossas oportunidades perdidas. Precisamos extirpar os tumores antes que eles nos devorem por completo, acabar com o Reino da Macacolândia, antes que ele destrua a nossa árvore da vida. No lugar da Macacolândia, devemos criar novos territórios de sobrevivência, novos povos, novos governos, e devolver a nós mesmos o nosso direito de encontrar nossos próprios caminhos. O Reino da Macacolândia, o Brasil dos macacos primitivos será uma miragem na nossa história.

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