sábado, 17 de janeiro de 2015

To be or not to be, Charlie

Por P.M. Serrano Neves, postado no Facebook em 12.01.2015

Os franceses que tanto contribuiram para a teoria do ''abuso de direito'' surpreendem-me com uma hipótese híbrida de liberdade de expressão com liberdade de imprensa que sustentam não ter limites.
Meu raciocínio cartesiano prejudica que possa compreender tal construção, à vista de que o Universo e a Natureza não apresentam nenhum caso de liberdade cujo exercício não esteja sujeito ao preço da temeridade quando limites são ultrapassados.

O satélite ...que pousou em um cometa - evento recente - obedeceu estritamente a todos os limites impostos pela regência cósmica.

Primeiro é preciso perceber que a immprensa é tão mais livre quanto mais tenha dinheiro para colocar sua mídia em circulação e tão menos livre quanto tal dinheiro carregue uma ideologia. Estes são os limites funcionais.

Segundo, é preciso perceber que expressão é o ato de dar a conhecer alguma coisa por orientação de alguma vontade.

Terceiro, é preciso concluir sobre a conformidade da coisa com a vontade e com a expressão.

Quarto, é preciso não se render à ''impressão que isto me causa'', o que é mais comum do que se imagina, dada a variação do corpo de conhecimentos e a diversidade das constantes de deformação da percepção.

E para justificativa do que pensamos e fazemos invocamos a liberdade de pensamento e expressão, e as contrariedades e contradições ficam por conta do ''somos humanos''. Este é ponto: somos humanos, tão humanos quanto os conturbados cenários que conseguimos produzir por todos os cantos do Planeta. Ainda não sabemos como ser melhores do que somos e, a cada dia, lenta e gradualmente, ir reconhecendo que as liberdades e direitos que reivindicamos exercitar são comuns de todos e que o direito de um acaba onde começa o direito de outro. Ainda não cremos que a diminuição do mal em um grau apenas constitua um abrandamento sensível do calor gerado pelo atrito nas relações humanas. E se ainda não sabemos nem cremos é porque não podemos, com o conhecimento atual, resolver as complexas equações do relacionamento humano.

O satélite pousou no cometa mas continuamos tão estúpidos quanto o deslumbramento com os feitos da inteligência nos cega em relação à existência de um humano próximo igual a cada um de nós mesmos, e tantos humanos próximos quantos devam existir para que a compreensão da existência da humanidade como uma entidade seja alcançado.

Je suis que nous sommes tous.

Ubuntu.

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