quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

O sumiço dos dinossauros

Paulo Maurício Serrano Neves (*)


Existem muitas teorias sobre o desaparecimento dos dinossauros. Embora isto tenha acontecido faz uns 65 milhões de anos a ciência ainda tenta compreender como aconteceu.


Atribui-se que ao final do período Cretáceo ocorreu uma intensa atividade vulcânica que lançou na atmosfera quantidades enormes de enxofre e criou uma capa de poeira que alterou a incidência da luz do sol e produziu alterações nas estações do ano, fazendo chover mais e chover ácido.


Alguns sustentam que os dinossauros foram expostos a novas doenças e foram morrendo aos poucos.


É tido, também, que de algum modo tenha existido uma decadência gradual.


Os estudiosos da Desconfiologia - ciência que estuda um fenômeno conhecido como "coisa parecida" - já afirmaram que os dinossauros respiraram poeira contendo veneno, passaram por tempestades e inundações seguidas de secas que diminuíram a quantidade de alimento para os herbívoros, pegaram dengue, tiveram câncer e doenças renais, além de adquirirem a AIDS Cretácea, ou Síndrome da Deficiência Intelectual Adquirida, conhecida também como analfabetismo funcional cretáceo.



Enfim, com menos alimentos disponíveis, atmosfera poluída com veneno, doenças e AIDS, os dinossauros foram fortemente afetados na sua capacidade de compreender o que estava acontecendo ao redor, e os predadores especializados aumentaram os ataques e encheram seus cofres gástricos à custa dos mais fracos.


Contam os desconfiólogos que o Tiranossaurus aureus tinha como prato do dia o Homo pauperrimus.


As partes mais nobres do meio ambiente eram ocupadas pelo Tiranossauro aureus e o Homo pauperrimus vivia na periferia dos ecossistemas onde era sistematicamente atacado pela falta de água, pelo saneamento zero, e principalmente pelo vírus da indignificação.


O vírus da indignificação se aloja no organismo quando a pessoa perde a capacidade contributiva e deixa de recolher impostos. A taxa de mortalidade pela indignificação é baixa porque a doença é tratada facilmente com "assistenciato de pauper", também conhecido como Sal de Pobre, ministrado na forma de bolsas.


Os desconfiologistas, porém, concluem que a vida não se extinguiu por inteiro porque algumas espécies da classe Expertissima, em especial a Homo locupletantis conseguiu acumular meios de sobrevivência e mudar para local mais hospitaleiro no qual, numa grande jogada de marketing ocorrida há 40 mil anos assumiu o nome de Homo sapiens e, discretamente, lenta e gradualmente, cruelmente, dedicou-se à criação do "não sapiens nada" para servir de alimento principal.


Moral da história: quando o Tiranossaurus aureus convidá-lo para o almoço a comida pode ser você.


(*) Procurador de Justiça Criminal do Estado de Goiás e Presidente do Conselho Curador da Fundação Acangau, de Paracatu, Minas Gerais.

Nenhum comentário:

Postar um comentário