segunda-feira, 16 de junho de 2014

Ouviram de um povo heróico um brado retumbante: “ei, Dilma, vai tomar no cu”!

Por Sergio U. Dani, de Bremen, em 15 de junho de 2014

Não dá mais para tirar o cu da seringa. O coro do povo brasileiro tomou conta dos estádios da Copa do Mundo de futebol de 2014 e retumbou no mundo, transmitido pelas redes de rádio, televisão e Internet. Bilhões de pessoas no mundo agora sabem direitinho para onde os torcedores brasileiros querem mandar a atual Presidente do Brasil. 

Inconformada como quem lhe caiu o cu da bunda, Dilma Rousseff procura desqualificar os xingamentos, ardorosamente defendida por seus correligionários. Sem sucesso. O xingamento tornou-se uma espécie de direito e dever cívico. 

Eis aqui a defesa do cidadão indignado, que aprendi com os advogados que me defendem de uma censura de que fui vítima na cidade de Paracatu-MG:

“A liberdade de expressão constitui um dos fundamentos essenciais de uma sociedade democrática e compreende não somente as informações consideradas como inofensivas, indiferentes ou favoráveis, mas também as que possam causar transtornos, resistência, inquietar pessoas, pois a Democracia somente existe baseada na consagração do pluralismo de idéias e pensamentos, da tolerância de opiniões e do espírito aberto ao diálogo”.[1]

A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal assegura a prevalência da liberdade de expressão e pensamento para os indivíduos: 

"O pensamento crítico é parte integrante da informação plena e fidedigna. O possível conteúdo socialmente útil da obra compensa eventuais excessos de estilo e da própria verve do autor. (...) Tirante, unicamente, as restrições que a Lei Fundamental de 1988 prevê para o ‘estado de sítio’ (art. 139), o Poder Público somente pode dispor sobre matérias lateral ou reflexamente de imprensa, respeitada sempre a ideia-força de que ‘quem quer que seja tem o direito de dizer o que quer que seja’. Logo, não cabe ao Estado, por qualquer dos seus órgãos, definir previamente o que pode ou o que não pode ser dito por indivíduos (...). Nas palavras do Ministro Celso de Mello, ‘a censura governamental, emanada de qualquer um dos três Poderes, é a expressão odiosa da face autoritária do poder público’".[2] 

Mesmo que a atual ocupante do Palácio da Alvorada seja xingada diante de bilhões de pessoas do Brasil e do mundo, ela é pessoa pública, cuja tolerância deveria ser maior que a do homem médio, o que denota que não há qualquer ofensa ou abuso dos direitos constitucionais, até porque, repita-se, ela é pessoa pública, notoriamente conhecida, sujeita ao controle social, e é natural que esteja sujeita a críticas ou elogios por parte das pessoas que vivem o seu cotidiano.

Além do mais, é impossível identificar qualquer ânimo de difamação no conteúdo da mensagem enviada pelos torcedores à Dilma Rousseff. O povo simplesmente está irritado, cansado de ser tratado como cu de bananeira. Tem-se claro que em nenhum momento o povo levantou falsas acusações ou ofendeu a honra da Dilma, ao contrário, usando de sua liberdade de expressão, constitucionalmente garantida (artigo 5º, IX, CF/88), apenas levantou questionamentos sobre fatos públicos e notórios relativos ao descalabro administrativo, corrupção, desvio de recursos públicos e roubalheira do atual governo e especialmente do PT-Partido dos Trabalhadores, tão fortemente personificados nas figuras desse partido, Lula, os mensaleiros e especialmente a já melancólica figura da Presidente Dilma Rousseff.

Dilma e seus correligionários parecem “sensíveis” demais às críticas, olvidando que ao atuarem em atividade de interesse público, podem estar sujeitos à avaliação do seu trabalho, uma vez que os cidadãos possuem direitos constitucionalmente garantidos à liberdade de opinião e de crítica.

As pessoas que gozam de alguma notoriedade, sejam elas jurídicas ou físicas, em qualquer meio, renunciam a certa parcela de seus direitos à intimidade e privacidade, uma vez que se tornam pessoas públicas no meio em que vivem e estão sujeitas a sofrerem críticas e comentários a respeito de sua atuação. O problema é que os integrantes do PT notoriamente confundem os espaços públicos e privados, apoderando-se da coisa pública como se fora sua propriedade particular. 

Acerca do tema, Darcy Arruda Miranda, em sua obra “Comentários à Lei de Imprensa”, 3ª edição, Revista dos Tribunais, p. 519, destaca que:

“Não é de se esquecer que ninguém está mais sujeito à crítica do que o homem público, e muitas vezes dele se poderá dizer coisas desagradáveis, sem incidir em crime contra a honra, coisas que não poderão ser ditas do cidadão comum sem contumélia. O que a Lei pune é o ‘abuso’, não ‘a crítica’. Um não se confunde com o outro. Uma coisa é criticar o homem público apontando-lhes as falhas e os defeitos na esfera moral ou administrativa, outra é visar intencionalmente ao seu desprestígio, colocá-lo em ridículo, pôr em xeque o princípio da autoridade ou arrastar o seu nome para o pantanal da difamação, que não atinge apenas o indivíduo atacado, mas também a sua família, o seu lar e até o seus amigos.”

Claramente, não houve desrespeito ou abuso praticado pelo povo indignado, ao mandar a Dilma tomar no cu. É notório que Dilma, Lula e seus correligionários falam pelo cu, vivem botando no cu da Mãe Joana, agindo como se pimenta no cu do povo fosse refresco. Ao mandar Dilma tomar no cu, o povo está simplesmente dando o troco. Assim como cu de bêbado não tem dono, Dilma, Lula e o PT tornaram-se vulneráveis às críticas populares em decorrência de sua própria embriaguez no poder, sua ignorância, corrupção e prepotência no trato com a coisa pública. O recado do povo é claro: Dilma e seus correligionários não têm cu para governar o Brasil. Agora encontram-se indefesos no cu da Mãe das Trevas.

Neste mesmo sentido, a jurisprudência firmou posição, entendendo que “o homem público merece proteção mais branda, menos intensa e com menor rigor do que a concedida aos particulares, o que seria próprio do sistema democrático republicano, pois a aceitação da função pública traz em si uma tácita submissão à crítica das demais pessoas”.[3]

“Corriqueiros são os escândalos envolvendo pessoa pública que penetram na esfera de sua intimidade. As pessoas públicas têm amplos direitos de alegar violação de sua intimidade, desde que o fato objeto do escândalo não tenha relação com o exercício da função pública que lhes foi atribuída. Mas, no exercício da função pública, os gestores do dinheiro público não têm intimidade a preservar, salvo a de ordem estritamente pessoal, já que o interesse público tem prevalência sobre o particular”.[4]

“A vida do homem público, desde o momento em que assume a condição de representante dos demais cidadãos, sempre estará sujeita a devassas, quer pelos adversários, quer pelos próprios correligionários. A vida do político, ao mesmo tempo em que perde a privacidade, ganha em projeção, às vezes até pelos ataques desferidos, na maior parte sem qualquer respaldo na correção. De toda forma, a inserção na vida pública sempre se apresenta inçada de escólios e sujeita à exposição pública e às críticas”.[5]

Não suportar críticas é próprio dos ditadores. Como Dilma Rousseff e seus correligionários notoriamente não suportam críticas, será difícil para eles suportarem essa Copa do Mundo. Para eles, essa Copa do Mundo já está sendo a "Copa do Cu" e pode ser o prenúncio de algo maior que ainda esteja por vir. Se os brados retumbantes dos estádios refletirem a vontade dos eleitores nas próximas eleições, Dilma e o PT vão mesmo levar no cu.

Referências:
[1] MORAES, Alexandre. Constituição do Brasil interpretada e legislação constitucional. 6. ed., São Paulo: Atlas, 2006, pg. 207.
[2] ADPF 130, Rel. Min. Ayres Britto, julgamento em 30-4-2009, Plenário, DJE de 6-11-2009. 
[3] TJSP, Embargos Infringentes nº 051.162-4/5-02, 3ª Câmara de Direito Privado, Rel. Des. Laerte Nordi, j. 6/06/2000.
[4] TJSP, Apelação nº. 237.009-4/0-00,  3ª Câmara de Direito Privado, Rel. Des. Beretta da Silveira. j. 26/07/2005.
[5] TJSP, 8ª Câmara de Direito Privado. Apelação 319.671-4/7-00, Rel. Des. Caetano Lagrasta. j. 21/11/2007.

4 comentários:

  1. Comentários do Procurador de Justiça Paulo Maurício Serrano Neves:

    Os críticos cobram educação e respeito. Os mais velhos porque receberam educação e desenvolveram o respeito, estes, paradoxalmente, os que construíram a sociedade sem educação e sem respeito. Os mais novos porque querem consertar as coisas que os mais velhos souberam arruinar.

    Eu sou um dos mais novos mais velhos aqui deste mural, com meus 72 completados em plena lua cheia de junho, e estou fora de fase com a minha geração: a uma por uma rebeldia que me consta dos genes; a duas porque não se pode cobrar educação de quem não a recebeu e respeito de quem não é respeitado; a três porque, queiramos ou não, vox populi vox dei.

    Os vetustos conceitos de gratidão, educação, respeito, civilidade e outros que estão sendo cobrados na atualidade foram construídos no tempo em que o cachorro era amarrado com linguíça, passava fome, mas não comia a ''corda'' ideológica. Então, estão se tornando inservíveis para aqueles que precisam comer a corda como se fora linguíça.

    Meu sentimento em relação à Copa pode se resumido em poucas palavras: circo demais para um país com pouco pão.

    Ah! ia me esquecendo: o Brasil vai muito bem entre as dez maiores economias do mundo, com destaque em ser o único cujo povo encontra razões para fazer ao presidente uma recomendação pública deste naipe.

    Só falta o Brasil ganhar a Copa e o governo comemorar sua vitória contra o povo.

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  2. ''Vai tomar no cu'' é a voz da definição, da firmeza de posição, da evidência, da realidade pura e sem mistura.

    ''Vai tomar no cu'' é a expressão que a ''elite'' suspira em ''ais'' e pede sais.

    ''Vai tomar no cu'' é a realidade que não foi submetida ao Photoshop para transmutar-se de puta a madame e poder sair na capa da revista.

    Esse ''vai tomar no cu'' pode ser o eco que sai da caverna do Ali Babá em resposta ao Abre-te Sésamo e que espantará os 40 (mil) ladrões.

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  3. Esse último comentário também de autoria do Dr. Serrano Neves.

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  4. Novo comentário do Dr. Serrano Neves, postado originalmente no FaceBook:

    É possível admitir que Cabral tenha exigido dos índios respeito e educação aos moldes do que exigia dos seus marujos para efeito de manter a paz navegante, como é possível que tenha exigido pusessem os índios suas vergonhas debaixo de panos para que seus olhos civilizados não se fixassem nos traseiros das índias conquanto sua mente deles não se arredasse.

    Tire o chapéu, curve a espinha e tenha palavras respeitosas e educadas, estava escrito no manual do cidadão no capítulo ''QUANDO TU, Ó DO POVO, ESTIVERES AO ALCANCE DOS OLHOS E OUVIDOS DA AUTORIDADE''.

    De boa escola e formação para os da corte e má escola e igual formação para os do povo, em quinhentos e poucos anos o próprio governo reconheceu que o largo fosso que escavou entre a corte e o povo, diante de um apelo por igualdade, haveria de ser transposto por uma ponte chamada "cota" para os que não cursaram as escolas da corte.

    Enfim, a corte e a plebe estão ai, ladeando um terceiro segmento que tudo faz para não parecer Mané e tudo gasta para parecer Dom Manuel, e neste terceiro segmento estão inseridos os ''sabe quem'' que temem o fogo do inferno diante de um único ato de ''boca suja'' que ressoe pelas margens plácidas do Ipiranga, mas que perseguem os céus com um "Deus Salve a Rainha'' de boca limpa enquanto na reserva mental a querem ver empalada.

    Não iremos consertar o Brasil sem antes entender porque o povo, na sua sabedoria ou na sua ignorância, na sua trajetória quingentésima de governo em governo, rompeu a reserva mental e soltou o verbo.

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