Entrevista de Sergio Dani à Johanna Nublat, da Folha de São Paulo
J.N.: Você pretende se candidatar oficialmente à vaga quando as incrições forem abertas?
S.D.: Sim.
J.N.: Por que você decidiu se candidatar à vaga de representante do conselho?
S.D.: Em primeiro lugar, porque não sou idiota nem inútil. Esclareço: a palavra grega antiga "idiota" significa um indivíduo egoísta, uma pessoa que não está ativamente envolvida na política. Assim como os gregos, os brasileiros consideramos aquele que não participa dessa tarefa não como sem ambição, mas como inútil. Em segundo lugar, porque acredito no Brasil e nos papéis que os brasileiros residentes no exterior podemos desempenhar no nosso país e no mundo. Infelizmente a representação diplomática brasileira está desmoralizada com algumas posturas adotadas pelo atual governo brasileiro, como por exemplo a aproximação de ditadores como Chaves na Venezuela, Fidel Castro em Cuba, Ahmadinejad no Irã e oligarquias econômicas que exploram o Brasil há séculos. Os brasileiros residentes no exterior enxergamos os riscos e os efeitos dessas aproximações tanto no cenário interno quanto no externo. Não estou contente com esta linha de representação e desejo contribuir para mudar essa orientação. Nós que vivemos no exterior somos a voz do povo brasileiro que vem de "fora para dentro". Representar essa voz é tarefa de uma responsabilidade que não cabe ao governo, e sim ao povo. Eu me considero não representado ou muito mal-representado pelo atual governo e desejo mudar essa situacão.
J.N.: Não sendo uma função remunerada, quais são os principais atrativos da função?
S.D.: O principal atrativo é o reconhecimento, a liberdade para ouvir e ser ouvido. A não-remuneração é importante para conferir legitimidade, autonomia e liberdade. Acredito que os melhores representantes são os que se contentam com o reconhecimento dos seus representados. Não queremos ser inúteis nem idiotas.
J.N.: Quais são as principais fragilidades que você enxerga entre os brasileiros da sua região?
S.D.: A desunião e a falta de representatividade. Mas existem forças extraordinárias. Os brasileiros da minha região formamos um grupo heterogêneo, mas único na coragem e disposição para enfrentar com sucesso as adversidades de viver em um país estrangeiro.
J.N.: O que você acha que poderia ser feito, dentro da função de representante no conselho?
S.D.: Inicialmente, um estudo para melhor compreender quem somos, o que fazemos e o que queremos. Os brasileiros que residimos no exterior somos uma força de mudança extraordinária, um recurso humano que está sub-aproveitado. Projetos de desenvolvimento sócio-econômicos, culturais e científicos podem ser desenvolvidos tanto no Brasil como no exterior, com a participação direta da comunidade adequadamente representada. Imagine que a comunidade brasileira residente no exterior já injeta, anualmente, 7 bilhões de dólares no Brasil. Somos, como grupo, um dos maiores investidores externos, com a diferença de que investimos no nosso próprio negócio: um Brasil melhor, mais justo, mais livre e mais solidário. Isso é capital humano. A nova função social de representação desse capital humano catalizará uma força extraordinária de mudança sócio-ambiental.
J.N.: Você já fazia parte do conselho provisório? Ou de alguma outra função ligada ao Itamaraty?
S.D.: Nunca participei de nenhuma função ligada ao Itamaraty.
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