Inédita, votação escolherá representantes das comunidades brasileiras no exterior
Johanna Nublat
de Brasília para a Folha de Sao Paulo
Enquanto no Brasil as eleições caminham para o último mês de campanha, no exterior, Pastor Generoso, Lúcia do Sortidão e Francisco Sampa ainda ensaiam os primeiros passos de um corpo a corpo eleitoral.
Esses brasileiros fazem parte dos quase cem pré-candidatos às 16 vagas do Conselho de Representantes Brasileiros no Exterior. O órgão está sendo criado após uma experiência piloto em 2009.
A ideia é que os eleitos sirvam de "meio de campo", identificando as necessidades dos brasileiros em outros países, repassando-as diretamente ao governo e fiscalizando programas adotados.
Há quatro vagas para cada região: América do Sul e Central; América do Norte e Caribe; Europa; e Ásia, África, Oriente Médio e Oceania.
"As demandas ultrapassam a possibilidade dos consulados", diz o embaixador Eduardo Gradilone, subsecretário-geral das comunidades brasileiras no exterior.
Em tudo, a disputa lembra as eleições de outubro no Brasil. Nos perfis enviados ao Itamaraty, há farta descrição de qualidades pessoais e vinculações religiosas.
"Sou [...] bisneto de Manuel de Carvalho Paes de Andrade, que foi líder da Confederação do Equador", diz Paulo de Oliveira, 66, há sete anos na Alemanha.
Da Itália, a catarinense Alexsandra Gonzati, 36, propõe reduzir embates culturais: "A ideia que o europeu tem dos brasileiros é errônea e precisa ser mudada. Melhor: banida!".
Pré-campanha
Até aqui, o que há é uma "pré-campanha", já que os candidatos deverão se inscrever oficialmente após o sistema eleitoral entrar no ar.
A intenção do Itamaraty é que tudo seja feito ainda neste ano por meio de uma plataforma on-line, da inscrição dos candidatos e eleitores à votação.
A maior parte dos pré-candidatos demonstra ter histórico de trabalhos na comunidade em que vive. Caso de José Francisco da Silva Filho, ou Francisco Sampa, 53, como se apresenta o pernambucano, nos EUA há 25 anos. Ele lista atividades desenvolvidas de apoio a compatriotas, de promoção cultural a auxílio-funeral.
Entre os pré-candidatos, há quem discorde da política externa. O mineiro Sérgio Dani, 45, médico na Alemanha, critica a aproximação do atual governo brasileiro aos ditadores da Venezuela, Cuba e Irã, e às oligarquias econômicas que exploram o Brasil. "Não estou contente com essa linha de representação e desejo contribuir para mudar essa orientação", disse.
Os pré-requisitos para a candidatura são ter mais de 18 anos, não possuir antecedentes criminais e morar há três anos na região.
A atividade não será remunerada. O governo pagará passagens e diárias para reuniões do conselho - no mínimo, duas por ano.
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