sábado, 13 de julho de 2013

Sobre a origem e trajetória de Eike Batista: como se produz um testa-de-ferro para se transferir a riqueza pública de um país para mãos privadas.

Década de 50:
Augusto Trajano Antunes (representante da Bethlehem Steel e da Hanna dos USA) e Eliezer Batista (funcionário da Vale do Rio Doce, empresa pública criada por Getúlio Vargas) fundaram a MBR-Mineraçoes Brasileiras Reunidas, concorrente da Vale. Assim Eliezer Batista, o funcionário público, vendeu-se a Antunes, o testa-de-ferro de companhias privadas, um "negócio" semelhante a crime de peculato.

Década de 60: 
Eliezer é demitido da Vale por receber suborno de empreiteiros. Assume então a presidência de empresa de Antunes (a ICOMI no Amapá, que mais tarde surge em nome de Eike Batista). Protegido por Antunes, Eliezer volta à Vale e continua a cometer peculato, transferindo mercados da Vale para a sua própria MBR.

Década de 70:
A Vale compra Carajás da U S Steel. O patrimônio da Vale sobe para mais de 30 bilhões de dólares, convertendo-se na maior mineradora de ferro do mundo.

Década de 80:
Eliezer volta à Presidência da Vale e vende cerca de 30% deste gigantesco patrimônio por 180 milhões de dólares (menos de 5% do valor)! O governo chega a perder o controle da Vale: sua participação cai abaixo de 50%. Reina a confusão, a Folha de São Paulo, a Tribuna da Imprensa, O Globo, denunciam o crime. A revista Senhor publica um mapa de jazidas da Vale sobre o qual se lê: “a ser cedido ao grupo Antunes”. Denúncias abortam a transferência de jazidas de ouro (Bahia) para sócios de Eike, e de jazidas de bauxita para grupo americano (oeste do Pará). Jazidas da Vale em Corumbá (Urucum) surgem nas mãos de Eike. O senador Severo Gomes aprova uma CPI e publica livro expondo a gigantesca roubalheira (leitura obrigatória: Companhia Vale do Rio Doce: Uma Investigação Truncada. Editora Paz e Terra. Prefácio de Paulo Sergio Pinheiro). Eliezer é demitido. Porem, permanece imensamente rico e impune - a origem do fenômeno Eike.

Década de 90:
O resto da Vale é vendido por 4 bilhões de dólares. Os próprios compradores a avaliam e compram (depoimento de Daniel Dantas à Miriam Leitão)! Eike (leia-se Eliezer) emerge do nada, subitamente, como um dos homens mais ricos e "geniais" do mundo. Dinheiro corre. Corrompem à esquerda e à direita. Compram consciências, políticos e funcionários públicos. Filmes, livros, jornalistas vendem suas patranhas, exaltando a genialidade do pai e filho.

Década de 2010: 
Aconselhado por José Dirceu, Eliezer e Eike entram no petróleo. O geólogo Paulo Mendonça e Rodolfo Landim, da Petrobrás arrancam a peso de ouro técnicos da empresa e estruturam a OGX. Pedro Malan e Rodolpho Tourinho vão assessorar Eike. O Fundo de Marinha Mercante empresta bilhões e seu presidente vai trabalhar para Eike. 

Entretanto não se pode roubar, corromper, enganar e ainda se exibir, para todos e para sempre. O crime necessita da proteção das sombras. Mas Eike é um exibicionista compulsivo e um péssimo empresário. Tardiamente, o mercado está descobrindo. Processos dos lesados virão. Nos USA já estariam presos. Em outros países "menos democráticos", há muito tempo estariam mortos e decapitados.

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