quinta-feira, 11 de julho de 2013

“Falta de médico” e curso de Medicina de 8 anos no Brasil: mentiras, absurdos, estupidez, erros de percepcao, desperdícios, irresponsabilidade, desgoverno, atraso e prepotência.

LD Dr.med. D.Sc. Sergio Ulhoa Dani, médico formado pela UFMG-Universidade Federal de Minas Gerais.

As razões da 'falta de médico' no Brasil são várias. As mais importantes delas são a mentira, a falta-de-vergonha, a ganância política, o populismo, a ignorância, a má-gestão e a falta de prioridade para a saúde.

Antes de acreditar na 'falta de médico' conforme anunciada por certos políticos e governantes, leve em conta o sistema de saúde.

A produtividade das equipes num sistema de saúde AUMENTA em proporção à qualidade dos médicos e paramédicos, ao número de paramédicos e às melhores condições de trabalho e DIMINUI em proporção ao número de médicos mal-formados e às piores condições de trabalho.

Numa equipe de atenção à saúde, o médico é MINORIAOs organismos internacionais como OPAS e OMS preconizam uma proporção médico:paramédico de, no mínimo, 1:5. Muito antes de faltar médico, falta paramédico nas equipes: parteira, enfermeiro, assistente social, auxiliar de limpeza e esterilização, psicólogo, dentista, ortoptista, nutricionista, diabetologista, biomédico, técnicos de laboratório, etc.

Os mesmos organismos internacionais recomendam uma proporção médico:habitante de 1:1000. O Brasil tem 400 mil médicos, o suficiente para atender uma população de 400 milhões de habitantes, o dobro da população atual. Pode estar faltando de tudo no Brasil, menos médico.

Alguns discordarão comigo, argumentando que, na falta de apoio à maternidade, por exemplo, muitas médicas abandonam a profissão ou trabalham em tempo parcial para poder se dedicar à família. Isso gera um deficit de horas-médico quando o número de médicos é aparentemente suficiente para atender à demanda. Mas, com 400 mil médicos para 200 milhões de habitantes, ainda que considerássemos que metade dos médicos é do sexo feminino, a conta fecharia para mais, nunca para menos médicos. 

A perda da produtividade do médico por causas ligadas às perdas e erros sistêmicos é muito mais importante: má-gestão, corrupção, 'deformação médica' em faculdades de medicina fajutas (a maioria absoluta das faculdades de medicina no Brasil é fajuta, são faculdades do 'faz-de-conta-que-ensina', do 'pagou-passou'), sucateamento de instalações, hospitais, laboratórios e equipamentos, más condições de vida e trabalho, etc.

Esses problemas e distorções sistêmicas revelam a falta de capacidade administrativa, a falta de visão e a falta de prioridade dos gestores públicos e privados, traduzidas na má gestão e no sub-financiamento do setor da saúde. 

Formar bons médicos e paramédicos e dar-lhes boas condições de trabalho são investimentos altos para os médicos, suas famílias e a sociedade. Os bons gestores sabem disso e cuidam de melhorar as condições de educação, formação, vida e trabalho dos médicos e paramédicos, assim como de toda a população: 'A economia da saúde' - conforme afirmou o jornalista Joelmir Betting - 'acaba sendo o reator da saúde da Economia'. Os maus políticos, maus governantes e maus gestores não pensam assim. Preferem apostar numa aceleração desastrosa do 'crescimento': cadê a saúde que estava aqui? O PAC comeu!


A aceleração desastrosa do crescimento destrói as bases de sustentação dos ecossistemas, causa devastação e poluição ambiental e outras catástrofes que acabam criando mais doenças e mais doentes para o já caótico sistema de saúde.

Em vez de melhorar as condições básicas ambientais, de educação, formação, treinamento, vida e trabalho da população, inclusive as equipes de atenção à saúde, as bestas de plantão querem atrasar desnecessariamente a formação do médico e aumentar o número de médicos!


Essas medidas revelam estupidez, erro de percepção, desperdício, irresponsabilidade, ignorância, populismo, necrofilia, atraso e prepotência de uma ditadura de terroristas instalada no desgoverno do Brasil 
(*).

(*) Os melhores dicionários da lingua portuguesa definem “terrorismo” como o ato ou ação de governar sem respeitar os interesses do povo.

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