Infolatam (http://www.infolatam.com.br/2012/01/05/a-violencia-no-brasil-e-no-mexico-uma-comparacao/)
México, 03 de janeiro de 2012
Por RUBÉN AGUILAR VALENZUELA
Nos últimos 30 anos, um milhão e cem mil brasileiros foram assassinados e os índices de violência subiram de 11,7 homicídios dolosos por cada 100 mil habitantes, em 1980, para 26,2 em 2011, segundo o Instituto Sangari, de São Paulo.
Os índices de violência no México seguiram a um sentido contrário ao que aconteceu no Brasil, já que, de 30 crimes dolosos por 100 mil habitantes no início dos anos 1960, em uma constante queda, passaram para 8 assassinatos em 2005, o mais baixo na história do país.
A situação muda drasticamente com a chegada de Felipe Calderón ao poder. Em seu governo os índices de violência passaram de oito assassinatos dolosos por cada 100 mil habitantes para 18 em 2010, o que indica um aumento de mais de 100%.
É o resultado do fracasso da sua estratégia de “guerra” contra o tráfico de drogas, que tem produzido, em cinco anos, mais de 50 mil assassinatos e, mesmo assim, ainda é inferior ao número verificado no Brasil.
Na América do Sul, a violência no Brasil só é superada pela da Venezuela, que é maior, com 70 homicídios dolosos para cada 100 mil habitantes, e da Colômbia, com 40, de acordo com dados de órgãos internacionais e também locais.
O estudo do Instituto Sangari mostra que os assassinatos crescem 137 por dia e 4 por hora. Além disso, o estudo demonstra que a violência aumentou, ano a ano, em todos os estados do Brasil, exceto no Rio de Janeiro e em São Paulo.
Estados pobres do Nordeste do Brasil, que nos últimos 10 anos receberam os maiores investimentos financeiros, e onde todas as políticas sociais têm sido implementadas, são os que sofrem os mais altos níveis de violência.
No estado da Bahia o índice de violência cresceu 303% e no Paraná 252%. Especialistas afirmam que o aumento da violência está associado com o desenvolvimento econômico na região, o que atrai o crime organizado.
No Rio de Janeiro, os crimes dolosos para cada 100 mil habitantes passaram de 51 para 26,2 e coincide com a média nacional. Em São Paulo passaram de 42,2 para 13,9 e representam a metade da média.
Os especialistas explicam que nestes estados a campanha contra o desarmamento, a política de investimento em segurança e as políticas estatais contra a violência têm obtido êxito.
Embora os índices de violência no Brasil tenham sido superiores aos do México, internamente pouco se fala sobre isso e, internacionalmente, este é um tema pouco difundido pela mídia.
A mudança de visão sobre a violência está no tempo de cobertura dedicado pela mídia, mas, sobretudo, na importância que os governos dão ao tema. Na agenda do presidente Calderón é um tema central, mas, para os presidentes do Brasil, simplesmente não existe.
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