Forte expansão da economia no país no período 2001-2009 não evitou emigração de meio milhão de brasileiros
Reportagem publicada em 02/10/2010 às 20h08m
Por Fernando Duarte - o Globo (*)
BRASÍLIA e LONDRES - O forte crescimento da economia em níveis que não se veem desde 1986 não tem sido suficiente para conter o impulso emigratório, como mostra reportagem de Vivian Oswald e Martha Beck, com a colaboração do correspondente Fernando Duarte, publicada na edição deste domingo do GLOBO. Brasileiros continuam buscando uma vida melhor no exterior, ainda que isso envolva arriscar a própria vida para cruzar a fronteira entre o México e os Estados Unidos, como aconteceu com dois mineiros e dois paraenses mortos em chacina com outros 68 imigrantes latinos em agosto. Veem lá fora - em países que ainda não se recuperaram da crise - oportunidades mais consistentes de ganhar melhor e ter mais acesso a bens e serviços de qualidade. Muitos acabam se dando mal. Entre 2001 e 2009, a diferença entre quem saiu e voltou ao país está positiva em mais de meio milhão de brasileiros.
Embora não existam dados oficiais consolidados, estima-se em cerca de três milhões o número de brasileiros que vivem, hoje, no exterior. Trata-se de uma Brasília.
A turbulência financeira que atingiu sobretudo os países mais ricos fez muita gente voltar em 2009, mas, aos poucos, o movimento de saída está sendo retomado. Mesmo assim, de 2001 até o ano passado, o fluxo é positivo com a saída de 541.487 pessoas para as américas do Norte, Sul e Central, além de Europa e Ásia, segundo Klagsbrunn.
Estudo do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas (FGV) mostra que, enquanto 53% dos brasileiros residentes nos EUA ganham mais de US$ 30 mil anuais, entre os brasileiros que moram na terra natal menos de 7,67% figuram nessa seleta faixa de renda, considerando a taxa de câmbio atual e os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2009.
A paulista Karen Hoida, de 32 anos, há pelo menos quatro anos faz passeios com cães pelas ruas e parques de Londres. Hoje, são 18 clientes de quatro patas que lhe consumem seis horas diárias, sete vezes por semana, mas há ainda as horas extras como babá dos cachorros quando os donos viajam. A realidade pode até ser diferente do sonho de trabalhar como veterinária, mas Karen jamais se arrependeu da decisão de abandonar os estudos e tomar o rumo do Reino Unido, atraída pelo desejo de aprender inglês.
- Ouço notícias de que as coisas mudaram e que a situação do país melhorou, mas minha família e meus amigos continuam reclamando - diz Karen, que ganha, no mínimo, R$ 4 mil mensais com os passeios de cachorros.
(*) Fonte:
http://oglobo.globo.com/economia/mat/2010/10/02/forte-expansao-da-economia-no-pais-nao-evita-emigracao-de-meio-milhao-de-brasileiros-922686737.asp
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