domingo, 31 de outubro de 2010

O direito de apertar o botão

Por Egydio Hervé Neto
de Porto Alegre/RS, 29 de outubro de 2010

A gente entra no calor de uma refrega mas não avalia o contorno da batalha, seus motivos, seus integrantes. Hoje ao meio dia, assistindo a um debate na Globo NEWS, prestei atenção em alguns números que a gente normalmente deixa passar e que na realidade fazem toda a diferença.


Vejam só:


No Brasil temos aproximadamente 135,5 milhões de eleitores e isto é importante pois na Eleição Presidencial é deste número que se fala, não dos 1,7 milhões ou pouco mais que elegeriam um 'ficha suja' como Jáder Barbalho, que vai usar este numerozinho para se jactar de injustiçado...


Na última eleição tivemos mais de 18% de abstenções, algo em torno de 24,5 milhões de eleitores que simplesmente 'foram à praia', ao invés de votar, como aliás farão outros tantos e talvez muitos mais, neste 'feriadão' que se aproxima, para desespero dos que fazem as continhas 'no limite'... Esses 18% são mais numerosos que os quase 20 milhões da Marina Silva, a candidata derrotada que mais demonstrou credibilidade, desprendimento e disposição para um compromisso sério, desprezado
pelos brasileiros.


Mas Marina é uma intelectual pobre e passa a imagem de pobre com o seu desprendimento, sem o marketing das atitudes estudadas e aí vem a ironia de outro número: nem 4% dos eleitores brasileiros tem curso superior. Isso mesmo: menos de 5,5 milhões de eleitores brasileiros têm Curso Superior; e portanto que valor tem para qualquer um dos outros 96% ou 130 milhões, a cultura, a intelectualidade, o cérebro não apenas pensante e emocionado mas, como deveria ser, o cérebro raciocinando em busca de soluções maiores do que a simples necessidade de sobreviver e daí decorrente, a preocupaçao com a comida e o abrigo?


Mais: apenas 30% dos que não têm Curso Superior concluíram o primeiro grau; portanto 91 milhões de brasileiros eleitores mal serão treinados para apertar aqueles botões, com um alto índice de erros; se apenas 10% deles errarem o voto, serão quase 10 milhões votando no candidato errado e isto é facilmente manipulável pelas raposas cabeludas que disputam o poder!


Pode-se concluir também que se os eleitores da Marina Silva se mantivessem fiéis a ela e votassem nulo, somados aos que votarão nulo de qualquer jeito, seja por convicção, seja por erro, mais os milhões que 'irão à praia' (e agora sabemos que isto, para quem não tem nada nem estudo, é fácil de entender que vale muito mais do que 'ir às urnas'), possivelmente teríamos mais de 50% de votos 'perdidos', dito assim para colocar sob uma denominação comum todos aqueles votos que não vão nem para Serra nem para Dilma, ou seja, não teremos eleição...


É por isto que infelizmente tem mais chance de se eleger quem explora a massa e suas nuances, do que o que teima em apresentar-se coerente, cobrando 'programa' e passando imagem de 'competente'.


No Brasil, o eleito é o que 'passa imagem': Mixirica, Maluf, Severino, Lula, etc. Com a 'latinha na mão', fazem por merecer, porque se há coisa eficiente para mobilizar essa massa é imagem e som. Afinal, a maioria enxerga e escuta, o que é suficiente para fazê-los sorrir e, como robôs, apertarem os botões.

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